Câncer de mama e câncer de próstata: novidades terapêuticas prometem frear a progressão das doenças
Medicamentos chegam ao mercado para auxiliar no tratamento dos dois tumores que mais matam mulheres e homens
Liberado no início de agosto pela agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a comercialização do palbociclibe, medicação contra o câncer de mama voltada especificamente para os casos avançados, em que a doença já acometeu boa parte da região ou mesmo se espalhou para outros órgãos, é uma nova alternativa para o tratamento que promete estabilizar o tumor. Outro medicamento aprovado pela Anvisa é o enzalutamida para o tratamento do câncer de próstata não metastático resistente à castração. Segundo a agência, estudos realizados apontam que o medicamento reduziu em 70,8% o risco de agravamento da doença quando comparado ao placebo, além de ter aumentado a sobrevida livre de metástases de 14,7 meses das pessoas que usaram placebo para 36,6 meses no grupo que recebeu o medicamento.
“Na oncologia estamos conseguindo superar algumas barreiras com a aprovação de terapias e mais acessos ao tratamento do câncer. A aprovação desses medicamentos no Brasil permite que pacientes com câncer de mama e de próstata recebam tratamentos com mais eficácia com menos efeitos colaterais do que o que tínhamos à disposição. Isso permite uma vida com mais qualidade. Esses remédios permitem que o paciente possa seguir com uma vida mais próxima ao normal, e foque mais nas coisas importantes e pessoais, e menos na doença e no tratamento. Além disso, com um controle da doença por mais tempo, naturalmente se verifica uma expectativa de vida maior”, afirma André Deeke Sasse.
Segundo o oncologista, que também é professor de pós-graduação na FCM-Unicamp e preceptor dos residentes de Oncologia Clínica do Hospital PUC-Campinas, no sistema privado o tratamento para os dois tipos de tumores é feito de forma diferente do oferecido pelo Sistema Único de Saúde. “Infelizmente pelo alto custo, o SUS não disponibiliza esses medicamentos a toda a população. Somente pacientes no sistema privado conseguem acesso. E mesmo assim, nem todos planos de saúde cobrem às novas tecnologias. Isso porque a ANS, que regula a atuação dos planos, é morosa na avaliação da obrigatoriedade de cobertura aos tratamentos”, explica André.
De acordo com o especialista, estudos de impacto orçamentário e da relação custo-benefício devem ser feitos para garantir que o preço dos medicamentos seja justo, e que eles possam ser incorporados sem que haja risco à sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Novas terapias: em busca da cura
O diagnóstico é câncer! Receber esta notícia, tempos atrás, significou sentença de morte. Mas hoje é muito diferente. Tecnologias avançadas, acessos aos estudos científicos, diferentes tipos de tratamentos e uma boa comunicação entre médicos e pacientes que resulta em melhores prognósticos, são algumas das ferramentas usadas na busca da cura e de controle da tão temida doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) o até o final de 2019 serão diagnosticados 68.200 casos de tumores de próstata e 59.700 de tumores de mama no Brasil. No entanto, as recentes novidades em terapias-alvo prometem frear a progressão dos dois tipos de câncer que mais matam homens e mulheres no mundo.
* André Deeke Sasse, oncologista, professor de pós-graduação na FCM-Unicamp, membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO). Fundador do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia e atua na coordenação da oncologia do Hospital Vera Cruz, do Instituto do Radium e do Hospital Santa Tereza. Desde abril de 2018, André assumiu a coordenação médica e preceptoria dos residentes de Oncologia Clínica do Hospital PUC-Campinas.