Fosse escrever um discurso de despedida da Presidência
A carga emocional hoje, 11 de maio de 2016, no Senado, nem tanto, acostumados a votação, como a que mandou Delcídio do Amaral, para o chuveiro definitivamente, com sua cassação devido as investigações na Lava Jato, suavemente Decoro Parlamentar.
Talvez choraria, molharia as folhas de papel se ainda escrevesse à mão e as letras sairiam turvas de uma mão trêmula, uns garranchos com letras e palavras entendíveis. Iria tocar os corações e as mentes, mentiria, mas mentiras verdadeiras, construtivas onde todos se espelhassem em mim. Não seria pulsilanime e nem seria a coitadinha, teria braveza em minhas palavras, não bravatas e tampouco arrogâncias e negativas que levassem as pessoas a amargura e ao caos.
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Câmara aprova prosseguimento de impechment |
Queria ainda anunciar todas as coisas boas que fiz e todos os sofrimentos que sofri, detalhados, contar as calúnias, as difamações e dizer que sou antes de tudo mulher, mãe, avó e um ser humano comum, com todos os sentimentos e as emoções que Roberto Carlos canta e recanta pelo mundo afora para quem lhe quer ouvir. Isso mesmo para se se ouvido precisa-se que alguém o queira ouvir, é preciso que pessoas queiram trabalhar consigo, é preciso o mínimo de união e de programa.
Sou mulher e vivo em um país inegável de preconceitos, mais recente cheio de
bullying, racismo. Onde a mulher trabalha em três o mais áreas de atividade, empregada, mãe e dona de casa, ou seja, eufemisticamente Do Lar. Mas, isso é da vida, é do mundo, a mulher sente-se orgulhosa, guerreira em ser mãe e contribuir com isso com a perpetuação da espécie.
Somos o símbolo da República, da Justiça, o Lar, ou seja, a casa é nossa e cuidamos dela, como a abelha laboriosa. O homem é importante tanto quanto, conserva tudo quanto conquista com seu trabalho, prospera, cuida de não faltar as coisas, até mesmo mais estóico da moral e da ética do lar e dos filhos para eles sejam melhores do que eles possam ser, enfim estudar, trabalhar e ser cidadão livre e honesto.
Não são divagações são minhas mentiras verdadeiras, por mais sofisma que seja. Sendo tudo isso não consegui governar. Quem pode governar com 137 votos como foi a votação no Congresso que aprovou o relatório do Impeachment onde procuraram julgar tudo quanto fiz e tudo quanto não fiz na presidência da República do Brasil, esse país rico, continental, com mais de 204 milhões de habitantes e explorada por dentro e por fora, por pessoas que a história vai detalhar, visto que hoje estamos numa democracia e mais cedo do que se pensa a Nação, vamos conhecer os carrascos do governo que se despede para ser julgado, que não volta devido as votações que aceitou por 15 a 5 votos. Assim a vontade dos políticos os mesmo que não aprovavam nada, os mesmo que precisavam de verbas para seus estados, cidades natal. Os mesmos da Lava Jato, diretamente ou partidariamente, todos numa mesma ideia a de salvar a pele, salvar o "ouro" as jóias ou salvar apenas os dedos deixando naufragar os anéis.
Muitos me criticam que sou comunista. Outros que sou guerrilheira, que roubei banco, que matei pessoas e que portanto não poderia ser presidente da República federativa do Brasil. No entanto, o endividamento do país, a venda do minério a preço de banana, a venda da mão de obra a preço vil para enumeras empresas multinacionais, a saída de capital, ou seja, o lucro do país para seus países de origem.
A falta de liberdade para se falar, conversar e se organizar. A justiça sempre existiu para quem tinha dinheiro. Tudo isso, chama-se ou chamou-se governo de exceção. Certíssima, talvez, possa não ter sido nenhuma das ações de ambos os lados. No entanto, tudo indica que a Democracia, que hoje cobra Leis, cobra correção diante do dinheiro público, com o Ministério Público, com a Polícia Federal, agindo e prendendo e julgando e sentenciando. Houve algo de errado, muito errado no Brasil.
Não sou Fernando Collor Alfonsus de Mello, apenas lembro o fato histórico, não tenho Paulo Cesar Faria, PC e ministros acusados de corrupção direta e enriquecimento ilítico com canetas. Não tenho tesoureiro que angariou honesta ou desonestamente mais de U$$ 3 bilhões de dólares. Estou sendo acusada pela maioria massacrante, pela oposição do PSDB-DEM-PMDB-SD e outros pelo gasto de dinheiro emprestado ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDEs onde todos foram quitados para pagar Bolsa Família, MInha Casa MInha Vida, terminar usina hidrelétrica Belo Monte. Também por ter chamado Luis Inácio Lula da Silva, para o governo onde fomos grampeados. Julgam-me até mesmo, por ter isentado de impostos empresas e que assim como contrato; essas empresas mantivessem os empregos, o que foi feito e a paz saocial se manteve durante o período.
Como Jânio Quadros até mesmo como Getúlio Vargas, guardadas todas proporções, fatos e época, o vulto, a sombra, a eminência parda que poderá ser um bilionário que vai substituir um governo que votou legitimamente.
Não posso esquecer, que aqui no Brasil, ainda manda o poder do dinheiro. Nossos mecanismos democráticos, nossas leis, assembleias, câmaras não votam em reformas e o dinheiro ditam as palavras, enchem páginas de jornais, ditam os caracteres de emissoras de rádio e jornais. E, a imprensa, nacional toma tom de censor, julgador onde as pedras zunem rápidas e acertam aqueles que querem falar algo a favor. Não é possível com o ódio que a oposição plantou no país e chegaram a vestir uns de verde amarelo, como se fossem mais brasileiros que os que insistiram em vestir vermelho e se defender.
Na mais pura verdade sair do governo agora, neste instante, é muito melhor para mim, não queria sair devido a minha inocência ser vista em todos os sentidos. Sou vítima de Golpe branco, palaciano como se referia nas monarquias, sou vítima de uma situação que não consegui deliberar devido ao escandâlo da Petrobrás, com Pesadena, e sucessivos escandalos de construtoras, as melhores, as maiores e até mesmo multinacionais da construção que se incrustraram de tal modo no poder onde mantinha cartel dentro das empresas do governo e dentro até mesmo do BNDEs. Mas, nada começa e se desenvolve em apenas quatro anos, oito anos, é um processo que desenvolve e chega ao ápice e depois precisa se renovar, azeitar, reciclar. Não eximo minha responsabilidade em nada e a Operação Lava Jato segue e prossegue com investigações e punições.
O impeachment é tudo isso e muito mais, é história que se escreve com várias páginas, às vezes um tomo completo de mais de 300 ou 500 páginas. Há muitos culpados, sim, inocentes também. Mas, a brancalização, o ganho de tempo para se "limpar" a área isso é evidente que o Impeachment é a peça, o instrumento mais poderoso. A sociedade, o povo não sabe disso, que estranhamente o Impeachment seja usado para tirar uma presidenta e deixar o vice-presidente que foi eleito na mesma chapa Dilma-Temer, com o mesmo discurso, mesmo investimento aprovado no Supremo Tribunal Eleitoral. Muitos implicados, muitos que ficaram ricos vão sair ilesos e o pior; vão continuar ricos e no poder para enganar e explorar o pobre e o miserável.
No governo de Fernando Henrique Cardoso, foram mais de U$$ 16 bilhões de dólares para salvar os Bancos, que hoje lucram absurdamente com os juros altos para combater a inflação controlados pelo Copom do Banco Central do Brasil. No governo Lula os ricos, os banqueiros e os indústrias ficaram mais ricos do que nunca. Mas, não tinha o poder, não decidiam mais como vender o país, como fazer negócios que lhes perpetuariam até mesmo por um século no poder econômico. Algo assim como o coronel que não foi para a política, mas mantém políticos em suas mãos, com dinheiro, influencia e coronelismo o Brasil conhece bem.
Me despeço de cabeça erguida, sem orgulho diante dos fatos, traída politicamente e sentida pela paralisação do país, pelo caos planejado economicamente onde depois de meu afastamento os mesmo indústrias, os mesmos políticos que plantaram o caos e semearam a cizânia. Vão começar a devolver os empregos que cortaram, os juros que aumentaram sucessivamente, aprovas Leis históricas até mesmo de reformas políticas e econômicas. O mundo está de olho no gigante que acordou em 2013, segundo aqueles que saíram para as ruas e não queriam Copa do Mundo e queriam mais educação e mais saúde.
Ao completar todo o processo terei que ficar oito anos afastada da política, a menos que um milagre ocorra, mas sei e muito que em política, não há milagre, há conversa, planejamento, técnicas, leis. Assim, quando voltar não terei talvez a mesma pujança, mas terei muito tempo para escrever não um discurso que queria escrever, mas um livro, verdadeiro da minha vida política, não luta, vida dedicada desde os 18 anos aos problemas brasileiros, talvez por aventura, emoção da literatura e depois pela crença que o pobre é a maioria e é quem gera riqueza. Portanto, tanto o rico depende do pobre quanto o pobre depende, muito mais muito, mais do pobre.
Até breve.