Médica que alertou sobre elo do Zika vírus com a microcefalia é homenageada no Troféu Walter Schmidt 2016
Doutora
Adriana Melo, atuante no SUS da Paraíba, foi a primeira a suspeitar da
relação entre a microcefalia e o vírus transmitido pelo Aedes aegypti
São Paulo, 19 de maio de 2016 –
A 15ª edição do Troféu Walter Schmidt homenageou, ontem durante o
tradicional Jantar da Hospitalar 2016, a Doutora Adriana Melo. A médica
da Paraíba alertou as autoridades brasileiras, despertando o mundo, no
final de 2015, acerca da relação entre o vírus Zika e os casos de
microcefalia no Brasil. Doutora em Tocoginecologia pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP-SP), presta assistência há 16 anos aos
pacientes do SUS no setor de medicina fetal da principal maternidade
pública de Campina Grande (PB), o Isea - Instituto de Saúde Elpídio de
Almeida.
As
suspeitas de Adriana Melo iniciaram, quando o Zika ainda era visto como
um tipo mais suave de dengue. No entanto, após examinar duas gestantes
que esperavam bebês diagnosticados com microcefalia, percebeu que se
tratava de um novo padrão da anomalia neurológica, dando o primeiro
passo para o reconhecimento da relação entre o vírus e a doença que já
afeta quase quatro mil fetos em todo Brasil.
Assim
como ocorreu com o sanitarista Oswaldo Cruz no início do século XX,
quando propôs eliminar focos de insetos transmissores de doenças
tropicais para combater a febre amarela e varíola, Adriana Melo também
enfrentou inicialmente semelhantes dúvidas e resistências burocráticas.
Porém, após exames feitos com as pacientes, por iniciativa da doutora, o
material colhido foi encaminhado à Fiocruz para o laudo decisivo que
levou o Ministério da Saúde a decretar emergência sanitária, apenas três
meses após o aparecimento das primeiras suspeitas.
O
diretor executivo da Fanem, Djalma Luiz Rodrigues, ressaltou a
importância do empenho de Adriana Melo para a medicina brasileira e
saúde pública. “Para a Fanem que tem como missão salvar vidas é um
orgulho reconhecer o trabalho de uma médica como Adriana Melo, que
dedica 20 horas por semana atendendo pacientes do SUS e, que sem
recursos para pesquisa, fez um alerta de suma importância para todo o
mundo”.
Adriana
Melo é graduada em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande
(PB), possui mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual da
Paraíba, doutorado em Saúde Materno Infantil pelo Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (IMIP- PE) e também em
Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP),
além de pós-doutorado em Saúde da Mulher pelo Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (IMIP - PE).
O
Troféu recebe o nome do empresário Walter Schmidt, pioneiro da
neonatologia que criou e dirigiu por mais de 50 anos a Fanem, hoje a
indústria brasileira de equipamentos para a saúde com maior expressão no
mercado neonatal. Desde o início, Schmidt conduziu a Fanem com elevado
grau de pioneirismo, inovação e empreendedorismo, desenvolvendo produtos
avançados para a área de neonatologia que contribuíram para o impulso
do mercado hospitalar brasileiro e para salvar milhões de vidas.
Desde
2002 o prêmio Walter Schmidt já foi entregue a nomes com atuação
destacada na área da saúde do Brasil, entre eles Mayana Zatz, Uenis
Tannuri, Gonzalo Vecina Neto, Waleska Santos, Saíde Jorge Kalil, Juan
Quirós, e Benjamin Israel Kolpeman, Alessandro Teixeira, José Alberto
Ferreira Filho, Evanisa Maria Arone e Conceição Aparecida de Mattos
Segre.
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