Entenda como o diabetes pode afetar a visão
Oftalmologista explica como o controle glicêmico é importante na prevenção do Edema Macular Diabético – a principal causa de cegueira irreversível no mundo
No Dia Mundial do Diabetes, comemorado em 14 de novembro, Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello Filho, médico oftalmologista e vice-presidente da Regional Sudeste da Sociedade Brasielira de Retina e Vítreo (SBRV), alerta como a doença pode afetar a saúde dos olhos e qual é a melhor forma de tratar o edema macular diabético (EMD), complicação que pode ocorrer na retina do paciente caso ele não realize um bom controle glicêmico desde o diagnóstico.
O diabetes acomete diversos órgãos do corpo e, inclusive, os olhos. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, há atualmente no País cerca de 13,4 milhões de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 – sendo boa parte economicamente ativa (entre 20 e 79 anos de idade) – e estima-se que, deste total, 90% deve desenvolver retinopatia diabética ao longo da vida.*
Se o diabetes não for controlado adequadamente desde o seu início, há uma grande possibilidade do surgimento do edema macular diabético. Isso porque o excesso de açúcar no sangue faz com que os vasos sanguíneos dos olhos não consigam reter líquido, levando ao inchaço da retina e prejudicando a visão. De acordo com Dr. Paulo, esse problema acontece em decorrência da retinopatia diabética, lesão de pequenos vasos sanguíneos que mantêm a retina. “O edema macular diabético é a principal causa de cegueira irreversível em quem tem diabetes”, alerta Dr. Paulo Mello.
O surgimento do edema macular diabético, ao contrário do que se imagina, não é uma doença ligada à idade. Adolescentes e adultos jovens podem desenvolver EMD, caso não tenham um bom controle de seu diabetes.
“Muitos pacientes só descobrem que têm o problema quando já perderam a visão em um dos olhos. Por isso, é essencial que os diabéticos façam o controle clínico da doença ocular anualmente, visitando o oftalmologista para que possa realizar o diagnóstico precoce o mais cedo possível. Antes mesmo de qualquer alteração visual do paciente”, comenta o Dr. Paulo Mello.
Os principais sintomas da retinopatia diabética são perda da visão central, visão dupla, enxergar manchas pretas no campo visual periférico, visão embaçada e cegueira. “A atenção deve ser redobrada, pois se trata de uma doença silenciosa, já que a perda visual progressiva é indolor e não traz indícios como olhos vermelhos ou secreções”, ressalta o oftalmologista.
O melhor tratamento para essas doenças oculares é por meio do controle clínico rigoroso, que inclui controle da glicemia, da pressão arterial e dos níveis lipídicos.
Associado ao controle clínico, Dr. Paulo Mello indica tratamento personalizado conforme a necessidade de cada um dos pacientes com EMD, que pode ser através de fotocoagulação à LASER, cirúrgico ou farmacológico (medicamentos inseridos diretamente dentro do globo ocular). Atualmente o tratamento farmacológico é a terapia de escolha para a maioria dos casos. Uma novidade no tratamento farmacológico do edema macular diabético foi incluída este ano pela ANS (Agência Nacional de Saúde) no rol de procedimentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. Tratar-se do OZURDEX®, um implante intravítreo biodegradável de dexametasona, que dependendo da patologia - age por até seis meses, melhora a visão dos pacientes diabéticos e diminui os efeitos colaterais, já que libera medicamento de forma controlada e gradual ao longo do tempo.
“A aplicaç é uma evolução importante para os pacientes e os resultados são fantásticos. O medicamento age diretamente na inflamação do edema macular diabético e possui tempo de ação mais prolongado do que os tratamentos disponíveis no mercado”, complementa o oftalmologista. “Por seu mecanismo de ação ser diferente dos tratamento atuais, a possibilidade de associação com outras formas de terapia é uma expectativa muito promissora.”
*Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes (www.diabetes.org.br)
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