O pênis turístico
O portal G1 noticiou faz uns dias que o museu do pênis (sim, pênis!) na Islândia, que reúne a maior coleção do mundo, recebe cada vez mais turistas ano após ano. A instituição guarda “bimbos” de diferentes espécies animais, em diferentes tamanhos e proporções e contribui para o aumento de visitantes estrangeiros no país. Museu do pinto. Museu fálico. Museu da “jeba”.
O turismo internacional receptivo cresceu 30% na Islândia, em 2015, e, entre os anos anteriores, apresentou um crescimento de cerca de 6% ao ano. Do baralho. Um museu do “peru”.
O maior espécime do museu é a ferramenta de um tipo de baleia que mede 1,70m e pesa cerca de 75 kg. O lepo-lepo com um instrumento destes pode acabar com o carnaval na Bahia! Vale observar na matéria que 60% dos visitantes se declaram mulheres. Viu? Tamanho importa.
Meu objetivo, além de divertir você, é apontar para a questão das atrações turísticas no Brasil. Eu já escrevi sobre o decepcionante estado do corcovado, sobre as dificuldades de acesso para deficientes, má gestão de aeroportos (que deve mudar com as privatizações), Salvador em ruínas e a desastrosa situação da segurança pública nas grandes cidades. Com isto, sobra muito pouco para atrair algum tipo de turista, se não as hordas de europeus, homens entre 30 e 50 anos, que nos procuram atrás da aventura sexual da sua vida. Vem para as nossas praias os que já conhecem os segredos da juventude feminina da Ásia, sob os aspectos mais sórdidos e buscam aqui no Patropi bebida barata, praias ensolaradas e mulheres peladas – quanto mais jovens, melhor. O “bilau” turístico.
A Indonésia tem algo que nos ensinar com as suas bárbaras execuções de traficantes internacionais. Protege o que entende por ser a nação, de um mal maior: a droga. Não admite perdão, não atende súplicas e não procrastina no que é, de fato, obrigação do estado.
Não vou discutir com você sobre pena de morte ou sobre os últimos ou pior, os próximos brasileiros executados ao redor da bela Bali. Mas eu quero que você pense que nosso Estado, mais do que fazer propaganda na Veja sobre turismo sexual, deve agir de forma dura e exemplar com aqueles que tungam o minguado futuro de meninas pobres em Fortaleza, Maceió ou Rio de Janeiro.
Esse quadro na região Norteste é agravado por nós mesmos, por nossos espelhos e irmão de nação. A mesma nação brasileira que anda por demais ocupada com suas agendas setoriais, sejam em sindicatos, grupos como o MBL ou associações de classe. Cada qual defendendo sua porção de farinha, para o seu próprio pirão. Quem então verifica estes homens que, em parte, vem em grupos? Quem fiscaliza os hotéis e motéis, onde uma nota de R$50,00 opera o milagre da invisibilidade? Os governos estaduais, hoteleiros e empresas aéreas são cúmplices neste “futurocídio”, na medida em que fecham os olhos a este problema crescente.
Imagine quantos desses elementos estrangeiros deixariam de visitar nossas praias se um único deles fosse preso por corrupção de menor ou aliciamento e exemplarmente condenado a 10 anos nas suntuosas prisões brasileiras. “Seriam milhares de pênis que deixariam de nos visitar todos os anos e, com isso, a nossa indústria perderia muita receita”, diriam os empresários do setor.
Realmente, não conseguimos viver sem um pinto turístico. Na crise, qualquer cliente vale. Este seria o mantra do empresário de “turismo desesperado”, colocado nesta posição de cúmplice pela inépcia dos governos e suas agências ao longo de anos. Reclamam de OTA’s, de agências, de portais de reservas e outros consolidadores, mas não conseguem aumentar a demanda turística para sua região. Sobra, então, vender para quem quer comprar: Booking, Trend, CVC e aquela “rola” turística, que vem em fretamentos diretos da Europa, já com a cueca na mão.
Para quem quer entender um pouco mais do tamanho e da bitola desta tragédia, eu recomendo o livro “Meninas da Noite”, do Gilberto Dimenstein. Aí, você vai entender o tamanho... tamanho do... tamanho da... bem, você sabe.
*Julio Gavinho é executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência,
NE. Todas as informações e termos utilizados nesse artigo é de inteira responsabilidade do autor.
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