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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Pirataria no setor óptico e os prejuízos que os produtos ilegais podem causar a saúde ocular dos usuários.


Cenário:

O mercado óptico é um dos que mais sofrem com a pirataria e encontrou ainda mais dificuldades de combatê-la diante de um período de crise econômica.

Os dados mais atualizados da Associação, que representa 95% das empresas do mercado brasileiro, demonstram que, em 2016, 45% do faturamento anual do setor foi proveniente de produtos ilegais, ou seja, quase metade do valor. Assim, de um total de 19,6 bilhões de reais, cerca de 9 bilhões ficaram nas mãos de quem lida com produtos falsificados. Outro dado surpreendente é que nos últimos 10 anos (de 2006 a 2016), os órgãos fiscalizadores apreenderam mais de 80 milhões de unidades de produtos ópticos piratas.

A Organização Mundial de Saúde apontou que 50% da população mundial têm de fazer alguma correção visual. No Brasil, 36 milhões fazem correções visuais. Assim, se seguirmos essa orientação da OMS, faltariam cerca de 60 milhões de brasileiros para fazer essa revisão. No Brasil, não há uma política pública de educação da população para a prevenção e cuidados com a saúde ocular.

A Abióptica defende a cerca de sete anos um projeto de lei que está prestes a entrar em plenário para a votação sobre saúde ocular em jovens. Ele institui o exame de vista obrigatório para alunos do Ensino Fundamental, além da obrigatoriedade para exames admissionais e periódicos.

A Abiótica promove ainda, dentro do item saúde pública, um evento itinerante com o nome de Ação Olho Vivo. A iniciativa já contabiliza duas edições, nas quais foram atendidas cerca de cinco mil pessoas, que receberam uma “espécie” de triagem visual. Nestes dois anos da ação, a associação constatou que cerca de 70% das pessoas atendidas indicaram que precisariam fazer um exame mais detalhado de visão com um médico oftalmologista e aparelhos específicos. Este ano, a iniciativa deve ter inicio em junho.

É por isso que a Associação vai trabalhar fortemente temas de saúde/políticas públicas na próxima Expo Abióptica, que acontece em São Paulo – SP, entre 24 e 27 de maio. Além de trazer muita informação sobre os assuntos aos visitantes da feira, levará ao evento a certificação de produto: uma espécie de selo que identificará a qualidade do produto óptico validado pelo Abióptica.

Prejuízos à saúde:

A última estimativa populacional do IBGE mostra que 3 em cada 10 brasileiros têm mais de 40 anos. Significa que essa parcela da população sofre de presbiopia ou vista cansada que diminui a visão de perto a partir desta idade. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, a presbiopia, dificuldade para enxergar de perto é inevitável. Surge por volta dos 40 anos em decorrência do envelhecimento que enrijece a musculatura ocular e o cristalino, diminuindo a capacidade de acomodação, ou foco. Ele diz que 6 em cada 10 présbitas chegam ao consultório usando os populares óculos de fábrica para corrigir o problema. São atraídos pelo baixo preço e por acreditarem que a doença é um mal menor.  Resultado: colocam a saúde dos olhos em risco. Isso porque, explica, é a partir desta idade que geralmente surgem o glaucoma e alterações na retina. Para preservar a visão o recomendável é fazer um check-up ocular completo a cada dois anos nesta faixa etária. Além disso, a única forma segura de garantir correção visual adequada é através da prescrição médica.  Os óculos de fábrica podem até melhorar a visão de perto, mas por terem grau aproximado, exigem maior esforço visual. Por isso, explica, podem agravar a presbiopia e provocar dor de cabeça no final do dia.

O médico afirma que as principais diferenças entre óculos de fábrica e prescritos são:

ÓCULOS DE FÁBRICA                                                     ÓCULOS PRESCRITOS

Distância pupilar padrão
Distância pupilar personalizada
Mesmo grau nas duas lentes
Graus diferentes para cada olho presente na maioria das pessoas
Avaliação da leitura feita a diferentes distâncias
Avaliação feita sempre na mesma distância
Frequentes irregularidades na superfície das lentes que podem causar astigmatismo
Lentes com superfície regular

Grau aproximado que pode agravar a presbiopia
São prescritos com grau correto

Um levantamento do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) demonstra que 30% da população adulta têm hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto que predispõe à presbiopia precoce. Outros 10% a 20% têm miopia pura ou associada ao astigmatismo que mascara a presbiopia e até permite a leitura sem óculos o que não é recomendado por forçar a visão.  Significa que os óculos de fábrica não corrigem a visão de até 2 em cada 10 présbitas por serem monofocais.

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