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Pesadelos frequentes,
recusa em ir para a escola, medo que os
pais morram, queixas de dores de cabeça ou musculares. Estes podem ser
sintomas de um dos transtornos da ansiedade mais comuns da
infância e adolescência: O Transtorno de
Ansiedade da Separação (TAS), que atinge de 3 a 5% das crianças.
Segundo Dra. Karina Weinmann, neuropediatra,
o transtorno da ansiedade da separação é uma reação anormal a separação
dos
pais, familiares ou cuidadores. “A
separação pode ser real ou imaginária. Entretanto, há um impacto
importante nas atividades diárias, assim como no desenvolvimento
cognitivo e social. Normalmente, o pico
ocorre entre os sete e nove anos de idade”.
Normal x Patológica
A médica alerta que é preciso muito
cuidado para não confundir a ansiedade da separação, que faz parte do
desenvolvimento infantil, com o Transtorno da Ansiedade da
Separação. “A ansiedade da separação faz
parte dos marcos do desenvolvimento e trata-se de um comportamento
evolutivo fundamental. O pico acontece entre nove e trezes
meses de idade quando o bebê percebe que é
um indivíduo e não mais a extensão do corpo da mãe. Nessa fase o bebê
pode chorar mais, sentir medo do abandono e só se
acalmar com a presença materna ou paterna,
por exemplo”, explica Dra. Karina.
Já o Transtorno da Ansiedade da Separação
costuma aparecer em crianças mais velhas, normalmente na idade
pré-escolar. “Consideramos um transtorno quando a ansiedade está
além do esperado para o nível de
desenvolvimento da criança. Além disso, precisa durar mais de quatro
semanas e se desenvolver antes dos 18 anos. Para o diagnóstico
também são levados em conta o sofrimento e
os prejuízos acadêmicos, sociais e cognitivos”, diz Dra. Karina
Medo irracional
“As crianças e adolescentes com o
transtorno da ansiedade da separação apresentam uma série de sintomas
físicos, emocionais e comportamentais quando se separam dos pais
ou cuidadores ou quando precisam sair de
casa. “Percebemos o medo recorrente de que os pais morram, fiquem
doentes, desapareçam ou os esqueçam na escola, etc. O medo é
excessivo, gerando preocupação com
doenças, acidentes e morte o tempo todo”, explica Dra. Karina.
Esse medo da separação impacta diretamente
na frequência escolar. Essas crianças costumam faltar muito a escola,
não conseguem dormir sozinhas e podem apresentar dores
de cabeça, estômago, enjoos e vômitos,
principalmente nos momentos em que a separação é eminente. O sofrimento
é muito grande, pois eles imaginam que algo ruim vai
acontecer com eles ou com os pais e que o
reencontro não vai ser possível.
Piora do quadro
Eventos estressantes, como mudança de
escola, de cidade, chegada de um irmão, separação dos pais e perdas de
familiares são importantes fatores de risco para a piora do
quadro. “É importante que os pais entendam
que os sintomas podem se intensificar de acordo com a situação vivida.
Neste ponto, a criança irá perseguir os
pais dentro de casa e pode ter crises de choro e desespero quando os
pais saem para trabalhar ou ainda quando o horário de ir
para a escola se aproxima. Frequentemente,
são crianças e adolescentes que costumam ligar inúmeras vezes para os
pais para saber onde estão”, diz a
neuropediatra.
Porque é importante tratar
Estima-se que 30% dos casos de TAS irão
persistir na vida adulta se não tratados. O transtorno tem um impacto
importante nas interações sociais, já que a criança pode se
isolar socialmente. Isso compromete o
desenvolvimento das habilidades sociais, por exemplo. É um preditivo de
transtornos psiquiátricos adultos, especialmente o
transtorno do pânico. Além disso, há
outras doenças associadas ao TAS, como o transtorno da ansiedade
generalizada (TAG) e a fobia específica.
Psicoeducação e Terapia Cognitiva Comportamental
“O tratamento é individualizado, porém a
educação é parte fundamental da terapêutica. “Os pais e a criança ou o
adolescente precisam conhecer melhor o transtorno da
ansiedade da separação e isso é feito por
meio da psicoeducação. Além disso, ensinamos os pais a como gerenciar os
comportamentos para criar um ambiente adequado e
oferecer suporte para que a criança supere
os sintomas”, comenta Dra. Karina.
Outra abordagem importante é a
recomendação da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), sendo atualmente
o tratamento com mais evidências de eficácia para tratar os
transtornos da ansiedade na infância em
curto e longo prazos.
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