Adotar uma dieta com alimentos de baixa fermentação, como aqueles isentos de glúten, auxiliam no controle dos sintomas |
Nick Trott, nutricionista inglês esteve em São Paulo no último final de semana, durante a 9ª edição da Gluten Free Brasil
Sintomas
como dor abdominal frequente, inchaço, intestino preso, náuseas,
diarreia e estufamento não são normais e devem ser investigados. A SII – Síndrome do Intestino Irritável
traz grandes dificuldades no dia a dia e a Dieta Não-Fermentativa, que
consiste em restringir alimentos ricos em carboidratos de alta
fermentação é o melhor caminho para amenizar os sintomas.
As diferentes abordagens de diagnóstico e tratamento para a SII foram exploradas pelo nutricionista inglês Nick Trott,
na palestra “O tratamento Low-FODMAP na Síndrome do Intestino
Irritável: procedimentos, métodos e atualizações”, durante a 9ª edição
da Gluten Free Brasil, realizada no último final de semana, em São
Paulo. Segundo ele, o melhor caminho encontrado pelos especialistas é
prescrever uma dieta que reduza a fermentação intestinal, e assim evitar
a distensão intestinal e os seus efeitos.
Nutricionista
especializado na área de gastroenterologia e premiado como um dos
profissionais do ano em Doença Celíaca do Reino Unido em 2016, Nick é
reconhecido como estudioso na educação e orientação de celíacos e de
demais quadros relacionados à sensibilidade ao glúten e à Síndrome do
Intestino Irritável. Confira abaixo os principais desdobramentos sobre a
síndrome:
Geralmente
as pessoas confundem a Síndrome do Intestino Irritável com a Doença
Celíaca porque elas têm sintomas semelhantes. O que difere um do outro?
A
doença celíaca é uma doença auto-imune, causada por uma resposta imune
inadequada ao glúten. Seu diagnóstico requer exames de sangue
específicos e uma biópsia do intestino delgado. Atualmente, o único
tratamento é a adoção de uma dieta isenta de glúten. Já a Síndrome do
Intestino Irritável é uma desordem crônica do intestino, que se
caracteriza pela presença da dor abdominal, distensão e mudança no
hábito intestinal, como constipação, diarréia ou ambos. O diagnóstico da
Síndrome do Intestino irritável pode ser estabelecido com base nos
sintomas, na exclusão de outras doenças do intestino e com a aplicação
da dieta específica e seus resultados. A boa notícia é que há uma ampla
variedade de abordagens médicas, psicológicas e dietéticas para tratá-la
– que pode ser adaptada individualmente para cada paciente.
Qual a relação do estresse com a Síndrome do Intestino Irritável? Ele pode ser considerado uma das causas?
Não
temos comprovado que ele pode ser uma das causas da Síndrome do
Intestino Irritável, mas certamente pode contribuir para o aumento dos
sintomas. Isso se relaciona com a forma como o intestino e o cérebro se
comunicam. Um ponto que sabemos é que as mudanças do estilo de vida
ajudam as pessoas com SII a gerenciar seu nível de estresse (como a yoga
e atividade física), melhorando assim o controle dos sintomas.
Como a doença celíaca, a Síndrome do Intestino Irritável acomete mais mulheres?
A
incidência da SII acontece até três vezes mais em mulheres do que em
homens, embora a diferença percentual varia globalmente. As razões para
esta diferença na taxa de diagnóstico entre os sexos ainda não é bem
compreendido, pois está mais relacionado ao fato das mulheres procurarem
mais diagnósticos e tratamentos. Também existem diferenças nos sintomas
da Síndrome do Intestino Irritável vivida por homens e mulheres.
A
dieta não-fermentativa pode ser considerada altamente restritiva por
conta dos alimentos que devem ser limitados na alimentação? De que
maneira é possível levar uma vida equilibrada, tendo as exclusões que
devem ser feitas?
Pessoas
e pacientes podem ter diversos benefícios ao adotar uma dieta com
alimentos de baixa fermentação, mas não devem adotar esse tipo de dieta
por conta própria ou instruídos por uma abordagem encontrada na
internet, por exemplo. A dieta não-fermentativa deve ser realizada em
três fases distintas, a ser feita por um profissional de saúde, como o
nutricionista. Primeiramente, a restrição inicial é seguida de uma
reintrodução monitorada de maiores alimentos FODMAP para avaliar a
tolerância individual. A última fase é uma dieta modificada e
personalizada para determinado paciente com base nos resultados de
reintrodução. Vale ressaltar que a dieta deve ser seguida por um período
de tempo específico e que não deve ser adotada por quem não tem
indicação.
Adotar a dieta não-fermentativa apresenta uma melhoria nos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável em que porcentagem?
Estudos
de curto prazo, com grupos de controle acompanhados por dois ou três
meses, demonstram uma taxa de melhoria de 50 a 70%. Nos últimos dez
anos, as abordagens dietéticas tornaram-se uma importante metodologia
para o tratamento de pessoas com Síndrome do Intestino Irritável.
Como
você avalia os estudos que temos atualmente sobre a Dieta
Não-Fermentativa em pacientes com a Síndrome do Intestino Irritável?
Há
uma série de estudos validados, que trazem a análise de sintomas e da
qualidade de vida dos pacientes da SII, que tornaram-se ferramentas
muito utilizadas na determinação da eficácia da abordagem FODMAP. A
evidência acumulada para a dieta pobre em FODMAP indica que quando é
entregue por um nutricionista com conhecimento e experiência pode ser
uma estratégia altamente eficaz.
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quarta-feira, 18 de julho de 2018
Como lidar com a Síndrome do Intestino Irritável? Especialista esclarece diagnóstico e tratamento
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