Programa desenvolvido por médico
psiquiatra e educador ensina a identificar e lidar com as emoções. Mais
de 35 mil estudantes são atendidos pela metodologia, cujos impactos já
foram avaliados pela UFRJ em escolas brasileiras
Setembro foi escolhido como o mês da
conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, na
campanha mundial batizada de “Setembro Amarelo”.
Para o médico psiquiatra e educador
Celso Lopes de Souza, fundador do Programa Semente, o combate e a
prevenção do problema devem começar desde cedo, ainda na sala de aula.
Junto com um grupo de educadores e com base em evidências científicas,
ele fundou o Programa Semente, metodologia que está sendo aplicada em
escolas brasileiras e ensina os alunos a lidarem com os próprios
sentimentos, como ansiedade, medo e tristeza, por exemplo.
“Saber reconhecer emoções,
relacionando-as com os pensamentos que as geram e entendendo como tudo
isso influencia o comportamento permite que cada um compreenda melhor as
próprias limitações e conheça suas fortalezas, o que aumenta a
confiança, o otimismo e a autoestima”, afirma Celso.
Numa aula sobre autoconhecimento e
autocontrole do Programa Semente, por exemplo, o aluno é incentivado a
refletir sobre suas emoções e se conhecer melhor. De forma estruturada, o
programa trabalha os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole,
empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. O
controle da ansiedade, por exemplo, é fomentado com estratégias que
auxiliam os estudantes a enfrentarem situações, procurando reconhecer os
desafios e as capacidades de forma realista e sem distorções.
Para isso, o programa ensina ao aluno
estratégias para identificar e questionar os pensamentos, especialmente
quando as emoções não estão contribuindo para o enfrentamento das
situações.
Um exemplo do que acontece nas aulas é a
indicação e prática do acrônimo IDEA: A - Identifique os pensamentos
que estão ocorrendo no momento da ansiedade intensa; D – Desafie os
pensamentos com perguntas simples: “Posso estar exagerando?” “Há outras
possibilidades para interpretar essa situação? ”; E – Encontre novas
formas de pensar e A – Assuma um novo comportamento.
“É o que chamamos de flexibilização
cognitiva, muito eficaz para evitarmos armadilhas em momentos em que
enxergamos a realidade de modo distorcido, o que pode levar a erros de
interpretação”, explica. Pessoas que estão com pensamento de morte
costumam apresentar uma rigidez cognitiva caracterizada por enxergar o
sofrimento como insuportável, impossível e interminável. “A capacidade
de flexibilizar esses pensamentos pode ser decisiva para o enfrentamento
dessas fases, que apesar de parecerem impossíveis de serem superadas,
asseguradamente passarão”, afirma.
Para Celso, as competências
socioemocionais, se trabalhadas com êxito nas escolas, e também em casa,
terão um impacto positivo enorme no desenvolvimento das crianças e dos
adolescentes. “Do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar
de bicicleta, devemos ensiná-las a lidar com suas emoções”, conclui.
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