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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Setembro Amarelo Escolas atuam na prevenção ao suicídio





Programa desenvolvido por médico psiquiatra e educador ensina a identificar e lidar com as emoções. Mais de 35 mil estudantes são atendidos pela metodologia, cujos impactos já foram avaliados pela UFRJ em escolas brasileiras

A cada ano, o suicídio tira a vida de cerca de um milhão de pessoas, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o fato, considerado um problema de saúde pública, é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil – a primeira é a violência, seguida por acidentes de trânsito.
Setembro foi escolhido como o mês da conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, na campanha mundial batizada de “Setembro Amarelo”.

Para o médico psiquiatra e educador Celso Lopes de Souza, fundador do Programa Semente, o combate e a prevenção do problema devem começar desde cedo, ainda na sala de aula. Junto com um grupo de educadores e com base em evidências científicas, ele fundou o Programa Semente, metodologia que está sendo aplicada em escolas brasileiras e ensina os alunos a lidarem com os próprios sentimentos, como ansiedade, medo e tristeza, por exemplo.

Pesquisa nacional - Este ano, cerca de 9,6 mil alunos do Programa Semente foram submetidos a uma pesquisa conduzida pela UFRJ, que avaliou o impacto do ensino das habilidades socioemocionais em estudantes brasileiros. O estudo mostrou impactos positivos em todos os domínios avaliados, apontando nos índices gerais de Habilidades Socioemocionais um aumento estatisticamente significativo de 6,7% (média) no aprimoramento dos cinco domínios das competências socioemocionais, chegando a cerca 14% nos domínios de autoconhecimento e autocontrole.

“Saber reconhecer emoções, relacionando-as com os pensamentos que as geram e entendendo como tudo isso influencia o comportamento permite que cada um compreenda melhor as próprias limitações e conheça suas fortalezas, o que aumenta a confiança, o otimismo e a autoestima”, afirma Celso.

Numa aula sobre autoconhecimento e autocontrole do Programa Semente, por exemplo, o aluno é incentivado a refletir sobre suas emoções e se conhecer melhor. De forma estruturada, o programa trabalha os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. O controle da ansiedade, por exemplo, é fomentado com estratégias que auxiliam os estudantes a enfrentarem situações, procurando reconhecer os desafios e as capacidades de forma realista e sem distorções.

Para isso, o programa ensina ao aluno estratégias para identificar e questionar os pensamentos, especialmente quando as emoções não estão contribuindo para o enfrentamento das situações.
Um exemplo do que acontece nas aulas é a indicação e prática do acrônimo IDEA: A - Identifique os pensamentos que estão ocorrendo no momento da ansiedade intensa; D – Desafie os pensamentos com perguntas simples: “Posso estar exagerando?” “Há outras possibilidades para interpretar essa situação? ”; E – Encontre novas formas de pensar e A – Assuma um novo comportamento.

“É o que chamamos de flexibilização cognitiva, muito eficaz para evitarmos armadilhas em momentos em que enxergamos a realidade de modo distorcido, o que pode levar a erros de interpretação”, explica. Pessoas que estão com pensamento de morte costumam apresentar uma rigidez cognitiva caracterizada por enxergar o sofrimento como insuportável, impossível e interminável. “A capacidade de flexibilizar esses pensamentos pode ser decisiva para o enfrentamento dessas fases, que apesar de parecerem impossíveis de serem superadas, asseguradamente passarão”, afirma.


Para Celso, as competências socioemocionais, se trabalhadas com êxito nas escolas, e também em casa, terão um impacto positivo enorme no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. “Do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar de bicicleta, devemos ensiná-las a lidar com suas emoções”, conclui. 

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