Poema da morte breviária
Como te encontro sem avisar
Não nada é fácil e nem bom lhe ver de frente deixando os últimos suspiros
No inerme frio da chuva que caia, levando últimos suspiros de sua energia.
Na derme lívida, tanta palidez de tantos anos vividos inconsequentes, quem
Sabe a vida de quem a sente que tem nas mãos durante toda a noite e a perde
De dia, sozinho, no frio, com pouco ou quase nenhum consolo, socorro...
Como crer em tudo que cremos, a vida, a humanidade, a beleza e a esperança.
Se lhe encontro numa manhã chuvosa em alguma avenida em certa cidade do
Planeta, e nem me respeita, tampouco avisa sua chegada, deixa a todos
Estabanados e perplexos, jaz em suas mãos, sem culpa, mácula, ou crime,
Aquilo que costumamos chamar de castigo, pecado, inferno, alguns ousam arriscar
O paraíso, a derrota vencida, a vitória do fracasso de negros e nenhum dia para se
Ver o pôr do sol, a planta germinar e colher para fazer o pão ou enfeiar a sala
De estar quando aguardávamos alguém com ansiedade moderada, o amor
Sem dor!
A sirene toca e lhe espanta eis ainda uma veia que pulsa, o coração que pode saltar
Palpitar para a vida no corpo inerme, velho e cansado da vida, talvez, sob a chuva!
Vai embora sem o homem-velho, na chuva, hirto, já gelado. Toca a sirene venham
Há vida nesse corpo, vamos salvar essa vida e ressuscita, exercício, respiração mecânica
Injeção, ainda adrenalina, ainda massagem cardíaca, há torcida como Fla-Flu, Cruzeiro e Galo
Corinthians e Palmeiras, há certeza de que ele vai viver novamente, respeitar, levantar,
Sinalizar!
Impossível, chegou o sinal, aliás, não há mais sinal, ela venceu, ela triunfou naquela
Segunda feira de chuva forte, de corpos molhados, de pessoas que corriam e iam
Doar sangue, que mesmo assim para para socorrer, força do ofício, de enfermeira,
Que lindo é salvar a vida, preservar o sorriso, mesmo triste de quem, às vezes, não
Quer morrer e pode saber, que ela espera, silenciosamente, ela espera e nós a
Encontramos, a vemos, a choramos que o dia ela nos encontra, também.
Masaloro
10/12/2018
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