Quantas vezes você já ouviu “Você não veio trabalhar só porque estava com dor de cabeça”? Só quem vive constantemente com esta dor sabe o quanto ela é debilitante – tanto que a enxaqueca crônica já é categorizada como classe 7 de incapacidade, junto com psicose ativa, demência e tetraplegia, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Tão ruim quanto a dor e a limitação das atividades causadas por ela é o julgamento de familiares e colegas de trabalho que subestimam seus efeitos como se os enxaquecosos estivessem supervalorizando seu sofrimento.
“A doença se torna incapacitante porque além da forte dor, ela geralmente vem acompanhada de outros sintomas como enjoo, vômito e sensibilidade à luz, movimento, som e cheiro”, explica o Dr. João Segundo (CRM PI-4053), neurologista de Teresina e especialista em dor pela USP de Ribeirão Preto.
Atualmente, a enxaqueca crônica atinge entre 1 e 3% da população mundial¹, mas a grande maioria da população não tem conhecimento da grandiosidade do problema, seja em termos individuais, seja em termos coletivos, quando somamos as perdas das atividades para todos os envolvidos. Por isso, informar-se e informar ao próximo sobre a natureza da enxaqueca crônica é importante para desmistificar a doença e gerar empatia e também para a promoção de melhores condições de tratamento.
Nos casos específicos para justificar a ausência do trabalho, o seu neurologista é peça importante. Você pode solicitar um relatório sobre o seu caso, onde ele irá esclarecer seus sintomas, características da dor, condutas que devem ser adotadas, medicamentos prescritos, e assim por diante. Este documento será entregue à empresa junto ao atestado. Além disso, o próprio RH da companhia onde você trabalha pode contatar o médico que te atendeu e requerer o relatório.
No entanto, Dr. João, reforça a necessidade de o paciente aderir fielmente aos tratamentos propostos pelo neurologista, que embora nem sempre apresentem resultados imediatos e precisem ser periodicamente reformulados, sempre vão gerar melhora do quadro como um todo. “Quando o paciente se empenha em seu tratamento consegue ter suas crises reduzidas em intensidade e periodicidade e isso tende a mudar a perspectiva das pessoas que estão a sua volta, inclusive melhorando o convívio dele com a família, colegas de trabalho e empregador”, destaca o médico.
O texto acima possui caráter exclusivamente informativo. Jamais realize qualquer tipo de tratamento ou se automedique sem a orientação de um especialista.
¹Tackling chronic migraine: current perspectives Journal of Pain Research 2014:7 185–194 Francisco Javier Carod- Artal
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