Doença também é fator de risco para outras enfermidades crônicas, como diabetes, problemas
cardiovasculares e câncer; especialistas alertam que é preciso falar sobre o tema sem preconceito
São Paulo, abril de 2019 – Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. Caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, ela é considerada doença crônica e multifatorial, ou seja, ocasionada por fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e ambientais.
“Ao ingerir mais calorias do que gasta, o paciente ganha peso. O tipo de alimento ingerido e as atividades realizadas ao longo do dia influenciam nessa conta. Há uma relação direta entre alimentação saudável, atividade física e peso dentro da normalidade”, explica Dra. Ariane Macedo, cardio-oncologista e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida. Apesar da equação parecer simples, ela ressalta outras questões envolvidas. Por exemplo, quando os familiares são obesos, há uma probabilidade maior dos filhos também serem.
Segundo dados Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a obesidade afeta 50% da população brasileira adulta; entre as crianças, 15% dos pequenos são obesos no Brasil. “As famílias precisam se conscientizar porque elas possuem papel fundamental na formação dos hábitos alimentares”, analisa Dra. Ariane. Com a correria do dia a dia, é mais fácil comprar comidas prontas e industrializadas, comer fora ou preparar congelados “É preciso descascar mais e desembalar menos”. Ela reforça que os maus hábitos contribuem para os números cada vez mais alarmantes da obesidade no Brasil.
A médica reforça que a obesidade tem consequências importantes para a saúde da população. Ela explica que, durante a infância, a doença está relacionada ao aumento do risco futuro de desenvolvimento de doenças cardíacas, como a hipertensão arterial (pressão alta), diabetes e alteração nos níveis de colesterol. “Além disso, a obesidade é também fator de risco para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de intestino e próstata, nos homens, e de câncer de mama, ovário e endométrio, nas mulheres”, afirma a médica.
Sedentarismo, um vilão
A boa alimentação é o primeiro passo para garantir que a conta do peso saudável feche no azul. Porém, a prática de atividades físicas regulares também é fundamental para combater a obesidade. Para que o objetivo seja cumprido, recomenda-se ao menos 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada. “Esta medida já é capaz de reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns cânceres”, diz Dra. Ariane.
Quando não há tempo para academia ou atividades ao ar livre, ela recomenda pequenas mudanças nos hábitos do dia a dia, como por exemplo trocar o elevador pelas escadas, dispensar o carro sempre que possível e levar o cachorro para passear.
Entre os benefícios obtidos pelos exercícios físicos, estão a redução da pressão arterial, melhora na resistência insulínica, aumento da disposição para as tarefas diárias, alívio do estresse, redução da depressão, prevenção de doenças cardiovasculares e até mesmo da osteoporose.
Entendimento da obesidade como doença
Para Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto Lado a Lado pela Vida, a obesidade é uma doença repleta de tabus e preconceitos que precisam ser discutidos. “Os padrões de beleza impostos pela sociedade e pela mídia criaram um modelo de corpo perfeito, na maioria das vezes irreal e inatingível. Por causa desses padrões estéticos, a gordofobia tornou-se um fenômeno contemporâneo que está presente em muitos aspectos. Precisamos falar mais abertamente sobre este tema, para que todos caiam em si e criem a consciência de que o controle do peso e o combate ao sedentarismo são necessários para que qualquer pessoa tenha melhor qualidade de vida, independentemente da idade ou gênero”, finaliza a empreendedora social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário