Com aumento no percentual de crianças e adolescentes acima do peso, Brasil precisa melhorar os hábitos para evitar surgimento de mais doenças relacionadas ao ganho ponderal
A Obesidade Infantil tem criado alerta em todo o mundo pela quantidade de casos nos últimos anos. No Brasil, aproximadamente 33% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso, o que acumula um aumento de 110% no percentual de pessoas obesas no país, segundo o Ministério da Saúde.
A Federação Mundial de Obesidade (IASO, na sigla em inglês)já havia alertado, em 2017, que se não houver mudança nos hábitos alimentares, em menos uma década, a doença poderá atingir 11,3 milhões crianças e jovens.Outras doenças também preocupam a entidade que estima, para o ano de 2025, mais de 150 mil crianças e jovens com diabetes tipo 2, em torno de 1 milhão com pressão alta e 1,4 milhão com problemas relacionados a gordura no fígado.
Com dados tão alarmantes, as campanhas do Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil, iniciadas em 3 de junho, se tornaram fundamentais. “Tratando-se de uma doença que acomete pacientes de todas as idades, onde crianças apresentam ganhos exorbitantes no peso, o que compromete seu crescimento, desenvolvimento puberal e psíquico, além de todas as comorbidades associadas (dislipidemias, hipertensão, diabetes), torna-se importante alertar a população sobre esse agravo”, explica o endocrinologista e nutrólogo pediátrico e do adolescente do Hospital Anchieta, Dr. Delmir Rodrigues.
Medidas preventivas podem ser adotadas para evitar doenças, mas a família precisa se empenhar e se apoiar na mudança para os novos hábitos. “O papel da família é fundamental para garantir saúde para as crianças. É importante ter acompanhamento regular com pediatra, educação familiar, escolar e comunitária para promoção de alimentação balanceada, estilo de vida saudável e a prática regular de atividade física. Incentivar o combate ao sedentarismo e em caso de suspeita de ganho de peso exagerado, procurar profissional de saúde qualificado para acompanhamento”, afirma Dr. Delmir Rodrigues.
Amamentação: uma aliada contra a Obesidade
O leite materno também é um aliado na prevenção ao excesso de peso em longo prazo, de acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS),divulgado no Congresso Europeu de Obesidade, na Escócia.O estudo, publicado no jornal especializado Obesity Facts, comparou a prática e a duração da amamentação com o peso da criança no nascimento e o índice de massa corporal quando já estavam com idades entre 6 e 9 anos.
Os resultados mostram que as crianças que não foram amamentadas têm 22% chance de serem obesas, as que receberam pouco aleitamento (menos de um semestre) o risco diminui em 12%, enquanto as alimentadas exclusivamente com leite materno por seis meses têm 25% menos chance de ter obesidade infantil. “Mulheres devem programar a gestação, com controle de peso no ato da fecundação e durante a gestação. Garantir o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e mantê-lo com a alimentação complementar, introduzida de forma gradual e saudável. A interrupção precoce do aleitamento materno e a introdução de alimentos inapropriados, os distúrbios de comportamento alimentar, as condições genéticas ou uma combinação desses elementos ajudam a aumentar as estatísticas da obesidade”, acrescenta o médico.
Quanto maior o peso ao nascer, maior a possibilidade de ter sobrepeso na infância, segundo informações de 11 dos 22 países europeus avaliados, que somam 100.583 meninos e meninas participantes da pesquisa.
Menos telas e mais atividade física
A OMS, endossada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, recomenda que crianças de até cinco anos gastem menos tempo em frente às telas de computadores, tablets e celulares e pratiquem mais atividade física com mais horas dedicada sao sono.
A entidade indica que bebês de até um ano não tenham qualquer acesso às telas eletrônicas e que após os dois anos de idade o tempo máximo de entretenimento seja de uma hora por dia. Essa determinação ocorre porque crianças de até três anos estão em intenso processo de formação das conexões neurais e precisam de experiência física e interação social das três dimensões, e com uso das telas elas se fecham em apenas duas, além de estarem expostas à luz que atrapalha na produção dos hormônios do sono.
De acordo com a comissão da OMS para fim da obesidade infantil, é possível ver relação entre o sedentarismo, atividade física e tempo adequado de sono e os impactos provocados por eles na saúde mental, física e bem-estar das crianças.
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