Mais
mortal, transmissível e infeccioso do que o HIV, o vírus causador da
Hepatite C segue um desconhecido para a imensa maioria dos pacientes no
Brasil e, em silêncio, pode estar causando uma doença sistêmica. No Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, entenda a situação e teste-se!
São Paulo, julho de 2017 –
Estima-se que no Brasil existam entre 1,4 e 1,7 milhão de portadores de
hepatite C. Grande parte desconhece seu diagnóstico e poucos sabem como
ocorreu a transmissão ou que exista tratamento para a doença1.
Conscientizar a população sobre prevenção, proteção e a necessidade de fazer o teste da Hepatite C são objetivos do Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais, celebrado anualmente em 28 de julho.
No Brasil,
dados epidemiológicos apontam que aproximadamente 80% das pessoas com o
vírus da Hepatite C (HCV) estão acima dos 40 anos de idade2.
“Como o vírus
só foi descoberto em 1988, os comportamentos e fatores de risco eram
até então desconhecidos, o que favorecia infecções”, comenta Nelson
Cheinquer, diretor médico da Gilead no Brasil, biofarmacêutica global
que tem a Hepatite C como uma de suas principais áreas terapêuticas de
pesquisa e desenvolvimento.
O fato de a
doença ser assintomática em 80% dos casos faz dela um sério problema de
saúde pública, podendo levar décadas para dar sinais e, normalmente,
manifestando-se já em estágio avançado de comprometimento do fígado ou
com quadros associados.
A Hepatite C é a maior causa de cirrose, câncer e transplante de fígado no mundo3.
Além das complicações relacionadas ao fígado, ela pode desencadear uma
verdadeira doença sistêmica. Estudos comprovam que o vírus da Hepatite C
aumenta os riscos do aparecimento de outras doenças como a Diabetes do
tipo 2 e do Linfoma, por exemplo4.
O HCV é
transmitido por contato com sangue infectado, sendo que os principais
meios de transmissão são reutilização e esterilização inadequada de
equipamentos médicos e outros, compartilhamento de seringas e agulhas,
práticas sexuais de risco e transmissão vertical (da mãe para o filho).
“Levar o
próprio material para a manicure, utilizar seringas e agulhas
descartáveis e usar preservativos em práticas sexuais de risco são
medidas efetivas de proteção contra infecções”, explica Cheinquer.
HCV vs HIV
Estudos já demonstraram que o HCV é seis vezes mais transmissível do que o HIV5,
estatística que pode ser explicada por características como a
capacidade de sobrevida do vírus. Fora do corpo, ele permanece vivo por
até quatro dias, podendo chegar a quase dois meses quando em ambiente
fechado, como no interior de uma seringa, por exemplo.
Ainda no comparativo com o HIV, outros dois dados surpreendem. Desde 2007, a taxa de mortalidade por HCV supera a do HIV6.
Só no Brasil, calcula-se em torno de 3 mil mortes associadas à Hepatite
C anualmente. Além disso, o vírus HCV é 50 a 100 vezes mais infeccioso
que o HIV.
A despeito
disso, porém, a doença tem alta taxa de cura, inclusive quando
descoberta em seu estágio mais avançado. “Mesmo pessoas com cirrose ou
descompensação do fígado podem ser tratadas e o vírus erradicado. Nesses
casos, contudo, o paciente pode precisar de outros tratamentos
complementares e seguimento”, afirma Cheinquer.
Esse problema
é evitável com a descoberta e início do tratamento rápido, se
necessário. “Mesmo que você não se enquadre em nenhum dos fatores de
risco, deveria fazer o teste para Hepatite C pelo menos uma vez. É
inclusive uma recomendação do Conselho Federal de Medicina que todos
sejam testados”, recomenda o médico. “Agora, se você tem ou teve alguma
entre as experiências que configuram risco, uso de drogas injetáveis,
práticas sexuais de risco desprotegidas, entre outras, é recomendado que
faça o teste anualmente ou até a cada semestre”, completa.
Fontes:
1 - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções – 27 de julho de 2015, 7
2 - Bruggmann, et al. Journal of Viral Hepatitis, 2014, 21, (Suppl. 1), 5–33
3 - Allison
RD, et al.Increased incidence of cancer and cancer-related mortality
among persons with chronic hepatitis C infection; J Hepatol 2015;
63:822-828