Às
vésperas da Copa do Mundo, lesões como a de Neymar reacendem discussões
sobre o processo de reabilitação ortopédica para esportistas e outros
pacientes
As
lesões ortopédicas são uma realidade comum e dolorosa no mundo do
esporte. Exemplos como o de Neymar, operado há cerca de um mês, levantam
a temática do processo de reabilitação para esportistas, às vésperas da
Copa do Mundo, e para outros pacientes que não são atletas
profissionais, mas adeptos da prática de atividade física. Em ambos os
casos, quais são os tratamentos indicados e as medidas preventivas?
Primeiramente,
é importante saber que as lesões musculoesqueléticas têm causas
variadas e podem aparecer tanto em função de traumas diretos quanto por
micro esforços repetitivos, comuns na prática de esportiva. Esses
incluem atividades rotineiras, como subir e descer escadas, carregar
compras de supermercado, pendurar roupas no varal, digitar
excessivamente ou até mesmo praticar exercícios na academia sem
orientação e de maneira inadequada.
Segundo
a fisioterapeuta Magda Rocha, existe a dor ‘aceitável’, que é um
resíduo do esforço realizado durante o treino, e a dor característica da
lesão, conhecida como disfuncional e que é resultado de sobrecarga,
traumas ou desalinhamentos. “Muitas vezes, as lesões ocorrem de maneira
silenciosa e quando a dor realmente aparece persistente o estágio já
está avançado. Por isso, é importante fazer avaliações frequentes,
pré-temporada ou aquela que antecede o início de um novo ciclo na
prática de atividade física ou esportiva. Isso vale não só para atletas,
mas para as pessoas em geral”, explica. É neste momento que se define
todo o planejamento preventivo destas lesões.
Reabilitação
O
processo de reabilitação deve ser feito por um profissional qualificado
ou especialista no tipo de lesão. Para potencializar os resultados, o
acompanhamento deve ser individualizado, a partir das necessidades e dos
objetivos de cada paciente. “A avaliação fisioterápica deve ser
constante e não apenas ao fim de um ‘pacote de 10 sessões’, uma vez que
os quadros apresentam especificidades e os estímulos ao paciente
precisam ser ajustados o quanto antes e conforme evolui o processo de
reabilitação”, ressalta Magda.
Após
tratar a dor, o próximo passo é identificar as assimetrias, que estão
na massa muscular, na força, na flexibilidade e na coordenação, e
trabalhar a disfunção do movimento em toda a sua complexidade. “Assim,
previne-se a reincidência da dor e de uma nova lesão”. Além dos fatores
fisiológicos, condições externas podem favorecer o surgimento da lesão,
por isso o tratamento deve compreender não somente a estrutura física,
mas também o contexto socioeconômico e o estilo de vida do paciente.
O
fisioterapeuta deve ser entendido como um profissional parceiro, que
deve conhecer bem o seu cliente e caminhar lado a lado dele nas suas
expectativas e futuras conquistas.
Tecnologias
Atualmente,
existem diferentes tipos de tecnologia que são incorporadas ao processo
de prevenção e reabilitação ortopédica e trabalham a favor do
profissional, como dinamômetros, plataforma de força, isocinéticos,
termografia para análise de movimento, filmagens e baropodômetro (tipos
de pisada). A reabilitação deve começar o mais rápido possível, a partir
de estímulos, para evitar atrofias ou a rigidez do músculo.
“É
claro que sempre é preciso respeitar o tempo biológico do organismo. O
que a fisioterapia procura fazer é melhorar a qualidade desta reparação
tecidual. O osso, por exemplo, tem um tempo mínimo para consolidar em
casos de fraturas. No entanto, existem outros estímulos que podem ser
inseridos ao processo inicial de recuperação. Quando a pessoa tem uma
lesão aguda, recente, onde os movimentos estão limitados pela dor, o uso
da corrente elétrica pode por exemplo, ajudar a prevenir a atrofia
muscular, enquanto os movimentos estão limitados”, conclui a
especialista.