Indígenas se articulam para ter mais espaço nas próximas eleições
Brasília, 25 de abril de 2016 – No último dia (21) da Consulta Nacional das Mulheres Indígenas, as eleições municipais que ocorrerão em outubro deste ano e a participação em outros espaços de articulação política foram assuntos considerados desafios importantes para a garantia de direitos dos povos indígenas no Brasil, em especial para a luta das mulheres.
Para as participantes da consulta, ter representantes indígenas disputando vagas na esfera municipal é ação estratégica no processo de empoderamento destas mulheres e para o fortalecimento de um movimento de mulheres diverso, que contemple as demandas específicas das indígenas.
A participação das indígenas em espaços de discussão e de decisão de políticas públicas, para a coordenadora de Diversidade da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, Janaína Oliveira, é fundamental.
“Essa foi uma das principais reivindicações. Que elas tenham acesso, direitos e condições para debaterem as políticas públicas. Que a gente garanta, de fato, essa participação dentro da realidade delas. Temos aqui 15 Estados de várias regiões do Brasil e aldeias, temos especificidades que precisam ser respeitadas”, destacou.
A Consulta Nacional das Mulheres Indígenas é a última preparatória para a 4ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres (4ª CNPM), que será realizada de 10 a 13 de maio. Como resultado, elas escolheram sete delegadas que representarão as indígenas na 4ª CNPM. Desde 2015, foram realizadas consultas com as mulheres trans, quilombolas, mulheres de matrizes africanas, ciganas e mulheres com deficiência. Pela primeira vez todos estes grupos foram consultados no processo de construção da Conferência Nacional.
“Encerramos as etapas preparatórias para a 4ª CNPM dialogando com as mulheres indígenas. Foi um momento muito importante para todas nós. Nossa luta por um país mais democrático é diária. Estamos batalhando pela garantia de direitos, pela liberdade da mulher em se expressar das mais variadas formas e também, o mais importante, que nenhuma mulher desse país e do mundo sofra mais qualquer tipo de violência”, destacou Janaína Oliveira.
A coordenadora-geral do Conselho Nacional de Direitos da Mulher, Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos, também encorajou a participação política das lideranças indígenas nas eleições. “A gente tem que ter a ousadia, a coragem e determinação. É necessário se ter uma preocupação com a ocupação de instâncias de poder no âmbito municipal e estadual, nos conselhos municipais e nos demais espaços de diálogo. Desejo muita sorte às mulheres indígenas que disputarão as eleições neste ano”, destacou.
Comunicação – Com o objetivo de articular um movimento de mulheres genuinamente indígena, a questão da comunicação foi também apontada como um grande desafio, considerando que muitas comunidades se encontram distantes de centros urbanos ou de áreas cobertas por sinal de celular, telefonia ou internet.
“Não podemos retroceder. Temos que ver como as informações podem chegar até nossas comunidades”, destacou Rosemere Maria, liderança indígena Arapasso, que integra o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Para a coordenadora-geral de Promoção da Cidadania da Fundação Nacional do Índio (Funai), Léia do Vale Rodrigues, líder Wapichana, a inserção das indígenas em fóruns de discussão política é estratégica para a formação de lideranças. “As mulheres que estão aqui hoje têm conhecimento no assunto, cada vez mais querem e têm interesse nos diversos fóruns de discussões, com as variadas temáticas relacionadas à vida delas. Elas são inseridas, qualificadas e querem participar dos espaços".
Léia Rodrigues informou ainda que as mulheres indígenas que não puderam vir à Brasília estão sendo representadas durante a Consulta Nacional. "Para aquelas que não estão aqui, quero falar que as estamos representando. Com certeza, as indígenas que estão aqui pensam na base. Todas trouxeram reflexões e demandas das suas comunidades e buscam fazer com que estas sejam ouvidas, que se fale em uma só voz”, concluiu.
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