Biofortificação vence premiação considerada o Nobel de nutrição e agricultura
Cientistas premiados cooperam com o Brasil em ações de segurança nutricional
O Prêmio Mundial da Alimentação,
equiparado como uma espécie de Nobel da área, laureou quatro cientistas
por seus trabalhos com a biofortificação de cultivos agrícolas, em
especial, a batata-doce rica em pró-vitamina A, produzida por mais de
dois milhões de famílias na África. Os vencedores foram Howarth Bouis,
diretor do HarvestPlus, um programa de pesquisas iniciado pelo Instituto
Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IPRI, em inglês)
e pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT, em
espanhol); e os pesquisadores Maria Andrade, Robert Mwanga e Jan Low,
todos os três do Centro Internacional da Batata (CIP, em inglês), que
também faz parte dessa aliança de instituições inseridas no programa
HarvestPlus.
O Brasil vem recebendo
apoio financeiro do HarvestPlus no desenvolvimento das ações de
biofortificação feitas pelo país. O programa de biofortificação
brasileiro (Rede BioFORT) é coordenado pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tendo como principal objetivo o
fortalecimento da segurança nutricional em regiões e comunidades mais
necessitadas do país. Por meio de melhoramento convencional, cultivares
de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e
trigo são selecionadas e cruzadas, sem a adesão de técnicas
transgênicas, para a geração de variedades contendo maiores teores de
pró-vitamina A, ferro e zinco, combatendo assim a deficiência de
micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre
as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna.
A pesquisadora da
Embrapa Agroindústria de Alimentos e líder da Rede BioFORT, Marília
Nutti, acredita que a vitória dos colegas que trabalham com
biofortificação reforça a importância desses projetos e aumenta
a responsabilidade para com o cenário global, onde uma a cada três
pessoas sofrem por causa da carência de vitaminas e minerais. “Sem
dúvida, esse prêmio é um reconhecimento para a biofortificação. No
Brasil, esperamos continuar ampliando o trabalho que já está presente no
Distrito Federal e nos estados do Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Piauí,
Maranhão, Bahia, Sergipe, Pernambuco. No Piauí, as atividades foram
muito bem
sucedidas com parcerias envolvendo escolas agrícolas, e no Maranhão, a
biofortificação foi alçada como política pública de governo, por conta
do rápido aumento de demanda que ocorreu entre os agricultores da Região
dos Cocais. O programa de biofortificação brasileiro beneficiou nos
dois estados, até agora, mais de 11.000 produtores rurais.” Conclui a
pesquisadora.
A premiação foi criada pelo principal
idealizador da Revolução Verde e, também, ganhador do Nobel da Paz,
Norman Borlaug, que procurou com isso reconhecer o trabalho daqueles que
contribuem para a segurança alimentar no mundo. O prêmio será entregue
no dia 13 de Outubro, na capital do estado norte-americano de Iowa, Des
Moines, durante o Simpósio Internacional “Borlaug Dialogue”. Os
vencedores compartilharão entre si a quantia de 250.000 dólares.
Dentre os ganhadores do prêmio em
edições passadas, estão os brasileiros Edson Lobato, Alysson Paulinelli e
o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que recebeu a honraria em
2011.
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