Tema é aprofundado em análise científica
No
Brasil, as doenças cardiovasculares (DCV) são campeãs de mortalidade –
29% dos óbitos – e devem matar cerca de 350 mil brasileiros até o final
de 2016, segundo o Cardiômetro, ferramenta que a Sociedade Brasileira de
Cardiologia lançou no final de 2015. Até 2020, o aumento do impacto das
doenças isquêmicas cardíacas na mortalidade deve ser por volta de 120%
para mulheres e 137% para homens nos países em desenvolvimento,
comparada a uma taxa de aumento variando entre 30% e 60% nos países
desenvolvidos, segundo o Manual de Cardiologia (2012, editora Atheneu).
Dados como esses levaram à publicação da análise científica Nuclear cardiology and CVD in the developing world: Are we applying our scarce resources appropriately? Why is our mortality rate so high? (em tradução livre: Cardiologia
nuclear e doença cardiovascular (DCV) no mundo em desenvolvimento:
estamos aplicando nossos recursos escassos de forma adequada? Por que
nossa taxa de mortalidade é tão alta?), a questionar se a
cardiologia nuclear e outros exames que envolvem recursos de tecnologia
moderna estão sendo utilizados de forma correta, em toda sua
potencialidade diagnóstica e terapêutica no Brasil e em outros países em
desenvolvimento. A conclusão foi que a Cardiologia Nuclear é uma das
ferramentas que pode ser usada para diagnosticar, prognosticar e
orientar tratamento para combater a mortalidade por doenças
cardiovasculares que vem sendo usada de forma heterogênea pelo mundo.
“A
Cardiologia Nuclear é amplamente utilizada em países desenvolvidos,
onde a mortalidade por doenças cardiovasculares está caindo, e
provavelmente não está sendo suficientemente utilizada em muitos países
em desenvolvimento onde essa mortalidade não está diminuindo
satisfatoriamente”, afirma o cardiologista João Vítola, diretor da
Quanta Diagnóstico e Terapia, que conduziu a análise junto a Agência
Internacional de Energia Atômica.
Esta analise foi apresentada durante o
Congresso Mundial de Cardiologia, que terminou na última semana, no
México. Dr. João Vítola foi um dos conferencistas brasileiros do evento e
falou sobre a avaliação morfológica e funcional para conduta terapêutica das doenças coronarianas.
Procedimentos invasivos versus tecnologias de imagem
A
análise também questiona os benefícios reais e os custos de
procedimentos invasivos, como a revascularização do miocárdio com o uso
de stents e as cirurgias cardíacas abertas em pacientes estáveis. Ela
ainda demonstra que recursos devem ser aplicados de forma racional para
orientar o melhor tratamento baseado em evidências objetivas de
benefícios. O uso da tecnologia de imagem não invasiva, entre elas os
exames nucleares, podem contribuir nesta orientação terapêutica de forma
custo efetiva, ajudando a poupar custos no país em que os recursos
destinados à saúde são tão escassos e precisam ser usados com
racionalidade.
Para
Vítola, é decepcionante verificar, por exemplo, que em muitos lugares
onde a tecnologia de imagem não invasiva, como a cardiologia nuclear, é
pouco usada, são encontradas altas taxas do uso da angiografia coronária
invasiva como uma forma de investigar e diagnosticar doenças
cardiovasculares. Segundo o cardiologista, ela frequentemente conduz à
uma revascularização do miocárdio que pode não trazer benefício para o
paciente estável, de acordo com alguns estudos científicos randomizados
disponíveis em literatura.
Ele
recomenda que, ao menos nos casos da revascularização, sejam adotados
os AUC (sigla em inglês para “critérios de usos apropriados”). “Nossos
recursos financeiros escassos deveriam estar sendo usados para promover a
prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares e
investidos nas tecnologias não invasivas por imagem, para nos ajudar a
selecionar aqueles pacientes que podem realmente se beneficiar dos
procedimentos invasivos e para prevenir o uso desses mesmos
procedimentos, quando desnecessários”, aponta.
Sobre a Quanta Diagnóstico e Terapia
Anuncie com o Jornal de Saúde revista 31 3077 4513 ou 97110-6665
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