Pesquisador do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas), Luiz Araújo pretende tornar terapias-alvo mais acessíveis
Estudar a biologia que faz com que as pessoas desenvolvam câncer de pulmão no Brasil, selecionar as drogas certas para os pacientes, tornar as terapias mais acessíveis e fazer a diferença na vida de milhões de pessoas com pequenas descobertas. Esses são os objetivos de um estudo inédito, liderado por Luiz Araújo, oncologista do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) e eleito pesquisador-destaque do mês de abril pela Conquer Cancer Foundation (CCF), fundação da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) que investe no controle do câncer em diversos países. É a primeira vez que um brasileiro recebe esse reconhecimento.
Em 2012, o oncologista e pesquisador começou a investigar a genotipagem de câncer de pulmão em pacientes brasileiros. “A biologia do câncer de pulmão pode ser diferente de acordo com a etnia da população, mas, ao contrário dos asiáticos, norte-americanos e europeus, que já dispõem de dados nesse sentido, temos poucas informações científicas de países da América Latina. Por isso, estamos estudando a biologia que faz com que as pessoas desenvolvam câncer de pulmão no Brasil", explica.
A pesquisa está sendo incentivada pela CCF, através do programa Long-term International Fellowship (LIFe), que estimula jovens oncologistas de países de baixa e média rendas a desenvolver pesquisas com mentores nos Estados Unidos, no Canadá ou na Europa, para que depois possam levar os conhecimentos adquiridos de volta aos seus países de origem. Participante do programa, Luiz Araújo recebe acompanhamento do Dr. David Carbone, da The Ohio State University.
A importância de sua linha de pesquisa é comprovada por dados: no Brasil, o câncer de pulmão foi responsável por 24.490 mortes em 2013. A sobrevida média cumulativa total em cinco anos varia entre 13% e 21% em países desenvolvidos e cai para 7% a 10% nos países em desenvolvimento, aponta o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A diferença nesses índices reflete uma pior performance dos países de baixa renda no combate a esse tipo de câncer, o que pode estar atrelado à falta de acesso da população a tratamento ou ao baixo investimento em pesquisas na área. “Entender a biologia do câncer no Brasil ajudará a selecionar os ensaios clínicos adequados e as drogas certas para os pacientes. Se pudermos selecionar os medicamentos certos, faremos terapias-alvo mais acessíveis", analisa Luiz.
O pesquisador reconhece a importância de ser o primeiro brasileiro a ser destacado pela Conquer Cancer Foundation: "Pensar que é possível fazer a diferença na vida de milhões de pessoas, com pequenas descobertas, é fascinante. Mas ainda mais importante é a contribuição social que a ciência pode dar. Por meio do estudo do mapeamento genético, é possível não só propor terapias personalizadas, mas também estimar seus custos de implementação.”
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