Durante
dois anos a professora do curso de fisioterapia e doutoranda em Engenharia
Biomédica, Izabela dos Santos Mendes, da Universidade do Vale do Paraíba, em
São José dos Campos, São Paulo, trabalhou no desenvolvimento de um tratamento
fisioterápico voltado para mulheres que tiveram câncer de mama e passaram por
mastectomia parcial ou total.
O
objetivo deste trabalho era proporcionar a essas pacientes uma melhor qualidade
de vida após a cirurgia, visto que depois do procedimento é comum que elas
tenham perda de mobilidade e deformação dos membros superiores no lado da mama
afetada, e linfedema (inchaço) que comprometem a capacidade funcional e
ocasionam dor.
A
proposta da aluna foi a realização de terapia por meio de uma manta vibratória
e de protocolos de fisioterapia realizados por um game, desenvolvido em
parceria com a Universidade de Uberlândia. Com a ajuda da plataforma
desenvolvida, a paciente interage aos comandos mostrados numa tela, com
diferentes graus de dificuldade e sob orientação do fisioterapeuta vai
realizando cada um dos 8 protocolos estabelecidos.
No
game desenvolvido um sensor captura a imagem do corpo da paciente que foi
orientada a permanecer sobre uma região demarcada no chão com uma distância de
três metros em relação ao kinect. De acordo com as tarefas previstas, ao
iniciar os protocolos programados no software, a paciente visualizava esferas
vermelhas na tela de projeção e quando se posicionava corretamente sobre elas,
as mesmas tornavam-se verdes, indicando que o movimento solicitado havia sido
executado corretamente.
Uma
das voluntárias que participaram do projeto foi Leila Tenório, que teve câncer
de mama em 2008 e fez a retirada de uma das mamas. “Após a cirurgia eu tinha
algumas limitações de movimento, além das dores que sofria, após participar do
projeto senti uma melhora nítida em ambos os aspectos”, conta a paciente.
“Queria
desenvolver algo diferente na linha de reabilitação e mulheres que tiveram
câncer de mama precisam muito de um tratamento interdisciplinar. Terapias
especificamente voltadas para essas pacientes ainda são poucas”, afirmou
Izabela.
Após
o tratamento proposto, constituído por dez sessões, todas as voluntárias foram
reavaliadas seguindo os mesmos parâmetros da avaliação inicial: dor, amplitude
de movimento, atividade elétrica muscular, força muscular, linfedema e qualidade
de vida.
Os
resultados mostraram atenuação do limiar de dor, redução do linfedema; aumento
da amplitude de movimento e melhora da qualidade de vida de todas as
voluntárias após aplicação de ambos os recursos terapêuticos.
Em
relação à análise eletromiográfica das voluntárias em estudo, observou-se que
alguns músculos apresentaram aumento da atividade elétrica, e outros, redução.
Diante da avaliação utilizando o dinamômetro escapular, houve um aumento
significativo da força ao final do tratamento persistindo três meses após.
O
investimento no desenvolvimento do projeto foi de aproximadamente R$ 80 mil,
advindos em parte de uma bolsa do Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior, obtida pela aluna. O orientador do projeto foi o
Prof. Dr. Mário Oliveira Lima, coordenador do curso de fisioterapia da
Universidade.
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