Crianças menores de 5 anos são deixadas sem supervisão com seus dispositivos móveis
Na
pesquisa, 350 pais, que eram em grande parte de baixa renda,
afro-americanos, preencheram um questionário durante uma visita ao Einstein Medical Center, na Filadélfia.
Ilustração: criança de dois anos em média já aperta ícone em smartphone |
Um
terço dos pais das crianças de 3-4 anos disse que seus filhos gostavam
de usar mais de um dispositivo, ao mesmo tempo. 70% dos pais relataram
permitir que seus filhos, com idades entre 6 meses a 4 anos, joguem com
dispositivos móveis, enquanto os pais fazem trabalhos domésticos e 65%
disseram ter feito isso para aplacar o mau comportamento da criança em
público.
“Um
quarto dos pais disse que eles deixaram as crianças usar os
dispositivos digitais na hora de dormir, embora as telas brilhantes
interfiram no sono. Na verdade, eles estão colocando o filho para dormir
em um ambiente que os impede de ir dormir”, afirma o pediatra e
homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
De
acordo com os pais, quase metade das crianças com menos de 1 ano usa um
dispositivo móvel diariamente para jogar, ver vídeos ou usar
aplicativos. A maioria das crianças de 2 anos usa um tablet ou um
smartphone diariamente.
“A
pesquisa não é nacionalmente representativa e se baseou em dados
relatados pelos pais. Mas especialistas dizem que o resultado
surpreendente acrescenta robustez às crescentes evidências de que o uso
de dispositivos eletrônicos tornou-se profundamente enraizado na
infância”, destaca o médico.
A
exposição aos dispositivos móveis entre as crianças em outros lugares
não é tão diferente da que foi descrita pelos pais na Filadélfia.
"Baseado na observação das famílias com as quais trabalho, eu não
ficaria surpreso se estes níveis de propriedade do dispositivo e de
utilização fossem semelhantes em muitas delas, em muitos locais do
mundo", defende o médico, que é membro do Departamento de Pediatria
Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
Ilustração: Crianças usam tablet |
Mais dados...
De acordo com uma pesquisa nacional americana, realizada pelo Common Sense Media,
72% das crianças de 8 anos ou mais jovens utilizaram um dispositivo
móvel, em 2013, por exemplo, em comparação com 38%, em 2011.
Para
Chencinski, os dados das duas pesquisas são preocupantes. “Se as
crianças estão se sentando sozinhas, por horas a fio, apenas
acompanhadas dos dispositivos digitais, nós simplesmente não sabemos
quais são as consequências para o desenvolvimento social delas. A
Academia Americana de Pediatria recomendou a abstinência total para
crianças menores de 2 anos, mas ultimamente tem suavizado sua posição.
Agora aconselha fixar prazos, priorizando o que chama de não usar os
dispositivos como chupeta para acalmar as crianças. A falta de
supervisão dos pais é mais preocupante do que o uso dos dispositivos
móveis em si. Muito tempo sozinho na Web definitivamente é prejudicial”,
explica o pediatra.
O outro lado...
Os apps, as aplicações interativas, no entanto, podem ensinar as crianças. Um estudo publicado na revista Science descobriu que alunos da primeira série que usaram um aplicativo chamado Bedtime Math com um dos pais melhoraram suas habilidades matemáticas em poucos meses.
Os pais da nova pesquisa,
no entanto, relataram que seus filhos às vezes usam os dispositivos
para assistir vídeos e outros tipos de entretenimento passivo.
“Com
fins educacionais ou não, devemos ficar atentos. As crianças estão
profundamente envolvidas com a mídia eletrônica. Os cientistas devem se
comprometer a fazer pesquisas para entender como somos transformados
pelos meios de comunicação que usamos. E, enquanto isso, os pais ainda
são os melhores intermediadores dessa relação entre homem e máquina",
diz o pediatra.
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