Nova
técnica para o tratamento do refluxo chega ao Brasil
A partir
do mês de outubro, quem sofre com a doença pode ser beneficiado pelo
procedimento já liberado pela Anvisa
Um dos problemas mais comuns
do aparelho digestivo, presente em mais de 20% da população brasileira, segundo
dados da Faculdade de Medicina da USP, é o refluxo gastroesofágico. Os
principais sintomas são a queimação, a regurgitação e a azia. O refluxo do
ácido gástrico para o esôfago costuma produzir queimaduras na parte interna do
esôfago e, se não houver tratamento adequado, as paredes podem ficar tão
machucadas que há um aumento das chances de se ter complicações como úlceras, e
até mesmo um câncer no esôfago, por exemplo. Uma alternativa que têm trazido
resultados muito satisfatórios em regiões como Ásia, Europa e alguns países da
América Latina, e que está chegando ao Brasil esse mês, é a Terapia por
Estimulação Elétrica do Esfíncter Esofágico Inferior -EndoStim.
A técnica consiste na
implantação do dispositivo, de forma minimamente invasiva, na região do
esfíncter inferior do esôfago para a sua estimulação elétrica a fim de corrigir
problemas no seu funcionamento. Esse esfíncter é responsável por impedir que os
alimentos e líquidos voltem em direção ao esôfago, sendo que quando está
defeituoso produz a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
“O tratamento estimula o esfíncter
a se contrair fazendo com que o refluxo não ocorra. Existe alguma similaridade
com o mecanismo de ação do marcapasso cardíaco. Atualmente, o EndoStim é o
único equipamento que estimula diretamente o esfíncter e já tem resultados de
quatro anos de acompanhamento trazendo resultados efetivos e duradouros para
quem sofre com o refluxo crônico”, afirma o gastroenterologista, fundador e
coordenador do Centro de Motilidade do Aparelho Digestivo (CEMAD) e membro da Federação
Brasileira de Gastroenterologia, Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e
Sociedade Brasileira de Cirurgia Vídeo-Endoscópica, Dr. Maurício Bravim.
Ele, que é um dos médicos
responsáveis pela seleção de pacientes com DRGE e que preencham os critérios
clínicos para a indicação do Endostim, conta que para um grupo de pessoas com
refluxo, os quais não possuem indicação cirúrgica, porém sofrem grande impacto
em sua qualidade de vida, não havia uma opção terapêutica no Brasil similar ao
Endostim. “As perspectivas são excelentes, pois o dispositivo atua corrigindo o
problema primário. Os resultados até o momento são bastante promissores, tanto
pela grande melhora nos sintomas, quanto pela inexistência de novos problemas
causados pela terapêutica, como ocorre em muitos casos submetidos à cirurgia”,
afirma.
Outro
ponto interessante sobre o tratamento é sua capacidade de ajuste por meio de um
programador de telemetria após a cirurgia, caso persista algum sintoma. “Além
disso, é a única técnica que objetiva restaurar a função do esfíncter esofágico
sem mudança anatômica. Os trabalhos clínicos sobre o EndoStim demonstram que
90% dos pacientes que fizeram a implantação não tomam mais nenhuma medicação.
Atualmente há 450 pacientes tratados no mundo e a expectativa é de realizar
cerca de 50 procedimentos ainda esse ano no Brasil”, conta o cirurgião,
especialista em Cirurgia Laparoscópica Avançada e Membro Titular da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, Dyker Paiva, que também é um dos
responsáveis pela seleção de pacientes ao procedimento.
Um dos pacientes que passou
pela terapia há dois anos é o brasileiro, que reside na Argentina, Sebastian
Garcia. “No meu caso, passada a operação já não sentia mais nada. Tenho uma
vida normal novamente, consigo comer e beber qualquer coisa e não sinto mais
aquela acidez que tanto me atrapalhava. Consigo dormir bem à noite e não tomo
mais nenhum medicamento. Foi uma mudança geral”, conta.
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