Artigo
Saúde suplementar: nova forma de remuneração dos serviços médicos hospitalares
*Cadri Massuda
A
relação financeira entre planos de saúde e hospitais é regrada por um
conflito de interesses. Ao emitir uma autorização de internamento é como
se a operadora de saúde entregasse um “cheque em branco” ao hospital.
Ao hospital interessa que a conta seja alta e à operadora que essa conta
seja menor. Nesse momento, entra o papel dos auditores médicos, que têm
a função de analisar todos os itens da conta médica. Observa-se que,
nesse contexto, todos os atores envolvidos estão sempre em constante
conflito, ao invés de trabalharem em prol de um objetivo único: dar o
melhor serviço a um custo adequado.
Para
que a parceria entre planos de saúde, hospitais e segurados continue
saudável é preciso repensar a forma de remuneração dos serviços médicos
hospitalares. Atualmente, o pagamento é realizado por serviços prestados
diante do evento ocorrido. Para isso, são utilizadas tabelas que são
pré-acordadas entre as operadoras, hospitais, laboratórios e médicos.
Nessa forma de pagamento, privilegia-se a complexidade da doença e a
operadora não consegue mensurar o quanto vai gastar com o paciente
internado.
As
operadoras de saúde estão buscando soluções para continuarem oferecendo
serviços de qualidade para a população a um preço justo. Uma delas é a
proposta de estabelecer uma nova forma de cobrança dos procedimentos
pelos hospitais e médicos. Por isso, a Abramge – Associação Brasileira
de Planos de Saúde está realizando um levantamento de custo médio dos
procedimentos mais comuns. A ideia é criar uma tabela de valores para
que os hospitais e clínicas saibam, de antemão, o valor que será pago,
estabelecendo pacotes por procedimentos.
Em
relação aos médicos, a ideia é muito semelhante. O pagamento proposto
deixa de ser por serviços prestados e passa a ser por resultado. Isso
fará com que muitas das indicações médicas, principalmente cirúrgicas,
possam ser melhores avaliadas. Esta nova proposta já está sendo buscada
pelos planos de saúde e deve ser implementada em médio e longo prazo.
O
mais importante é que na remuneração por serviços prestados existe a
possibilidade de divisão da responsabilidade entre planos de saúde e o
setor de saúde – hospitais e médicos. E, com isso, poderemos ter uma
gestão de custos mais consciente e, assim, garantir a sobrevivência dos
serviços de saúde privados. Dados da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) apontam uma queda de 5% no número de beneficiários no
estado de Santa Cataria entre julho de 2015 e deste ano.
Os
beneficiários dos planos de saúde também ganham com essas mudanças e
com o uso mais racional dos recursos terapêuticos e diagnósticos. Entre
possíveis benefícios estão o menor valor da mensalidade do plano; acesso
mais facilitado aos serviços de acordo com a sua necessidade e um menor
número de intervenções (exames e tratamentos) evitáveis.
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