Serviços de saúde via Justiça custam 4 vezes mais, diz magistrado
As prestações de serviços de saúde por força de decisão judicial, com bloqueio de valores, são quatro vezes mais onerosas do que quando fornecidas diretamente pelo SUS ou plano de saúde. A informação é do desembargador Martin Schulze, do Rio Grande do Sul, palestrante do 19° Congresso UNIDAS.
Segundo
ele, os valores são maiores porque envolvem o custo da máquina judicial
(Defensoria Pública, Ministério Público, Procuradoria ou Advocacia
Pública e Judiciário). “Além do fato de o prazo dado pela decisão
judicial, em geral, dificultar a aquisição em grande escala,
circunstância que possibilitaria ao gestor obter preços mais
vantajosos”.
O
magistrado estará presente no 19º Congresso UNIDAS que ocorre entre os
dias 20 e 22 deste mês em Pernambuco. O tema do Congresso é o cenário
político-econômico e a repercussão sobre a saúde suplementar. Já a
palestra de Schulze, será sobre Judicialização da Saúde.
No
Rio Grande do Sul, sob sua coordenação, foi possível reduzir em mais de
20% os casos de processos judiciais na área da saúde. O estado era
líder em demandas. “Por meio de iniciativas adotadas pelas instituições
envolvidas, consolidando o que denominamos de Ação de Planejamento e de
Gestão Sistêmicos – PGS, houve uma melhoria na gestão pública e
incentivo significativo na mediação prévia, resultando numa redução
significativa de ingresso de novas ações, inclusive com a diminuição no
estoque das demandas já existentes de 116.000 para 90.000”.
Segundo
ele, os casos em que os cidadãos recorrem à Justiça são diversos. Desde
pedido de medicamentos que são fornecidos pelo SUS ou estão contratados
pelo plano, até tratamentos de alto custo, de doenças raras ou novas
tecnologias, os quais não foram autorizados pela ANVISA, não fazem parte
do contrato ou não estão disponíveis no sistema público de saúde.
Destacam-se as novidades para tratamentos oncológicos, de hepatites e as de órteses, próteses e materiais especiais.
De
acordo com Schulze, o Conselho Nacional de Justiça e os comitês
Nacional e Estaduais de Saúde instituíram o Fórum Nacional da Saúde para
tentar compreender por que há tantos processos judiciais nesta área.
“Este Fórum permitiu constatar os múltiplos interesses que estão
envolvidos, os quais, muitas vezes, estão longe de pretender garantir a
saúde do cidadão”. Para ele, esta visão mais crítica sobre o que é
solicitado à Justiça foi o que possibilitou fazer a distinção entre o
que realmente é benéfico à saúde do cidadão e o que representa
unicamente interesses econômicos ou políticos.
Autogestão e a Justiça
Para
o magistrado, a relação entre os beneficiários e os planos de saúde de
autogestão não é de consumo. Segundo ele, os planos ”são destinados a um
determinado segmento social/empresarial, igualando-se a uma
mutualidade”. Os planos de saúde de autogestão não têm fins lucrativos.
Para Schulze, no entanto, há que se ter uma fiscalização. “Acredito que a
amplitude dos serviços prestados deveria sempre ser revisto por um
colégio de representantes e, os casos especiais, submetidos a um órgão
específico, com tal transparência que as decisões fossem por todos
acatadas”. Recentemente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) em decisão
unânime teve o entendimento de que os planos de autogestão não estariam
sujeitos às regras do Código de Defesa do Consumidor.
Serviço:
19º Congresso UNIDAS - Cenário político-econômico e a repercussão sobre a saúde suplementar
Data: 20 a 22 de outubro
Local: Sheraton Reserva do Paiva Hotel & Convention Center (Cabo de Santo Agostinho- PE).
Sobre a UNIDAS
A UNIDAS -
União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde é uma entidade
associativa sem fins lucrativos, que tem por missão promover o
fortalecimento do segmento da autogestão em todo o território nacional,
fomentando a excelência em gestão de saúde e a democratização do acesso a
uma melhor qualidade de vida dos seus 5,5 milhões de beneficiários –
que correspondem a 11% do total de vidas do setor de saúde suplementar
-, contribuindo para o aperfeiçoamento do sistema de saúde do País.
Atualmente, a entidade congrega cerca de 130 operadoras de autogestão.
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