Soberania e investimento
*Clemente Ganz Lúcio
Faz
parte da utopia do movimento social e dos trabalhadores, do sonho que
querem transformar em realidade, que a economia brasileira seja capaz de
produzir bem-estar e qualidade de vida para todos. O desafio é saber
produzir os bens e serviços, distribuindo-os com equidade, para atender
às necessidades materiais e culturais de todos.
A
economia capitalista se estruturou por meio do Estado moderno, de nação
soberana que domina um território e faz, nesse espaço físico e
político, uma produção econômica, gerando avanços no bem-estar e na
qualidade de vida das pessoas.
A
riqueza natural do território brasileiro é um ativo essencial. O
conhecimento materializado no nível de educação geral da sociedade e na
sua capacidade de transformá-lo em tecnologia, produtos e serviços, é a
base para o desenvolvimento industrial ou produtivo. A capacidade de
alocar parte da renda e riqueza, gerada para o Estado prover serviços
públicos e investimentos na infraestrutura, garante a qualidade e
quantidade da expansão produtiva e da proteção social.
Tudo
isso requer, entre outras coisas, investimento e soberania.
Investimento significa ampliar a capacidade produtiva física e
cognitiva. Soberania é a capacidade de um povo investir em determinado
território, dominando o conhecimento e o capital, se apropriando dos
resultados e podendo, de forma autônoma, poupar e decidir reinvestir
parte dos resultados alcançados. Soberania é a coluna vertebral de uma
nação que sabe investir para promover o próprio destino.
Quando
o Brasil vende a base produtiva, infraestrutura ou riqueza natural para
empresas estrangeiras, abre mão da soberania de investir e decidir
sobre o presente e futuro. O lucro aqui produzido será enviado para o
local de origem do capital, a tecnologia não será transferida e a força
econômica de induzir a estratégia de investimento estará subordinada a
outros interesses.
Vale
tratar de um belo exemplo da semana. Janus Capital Group é uma gestora
americana com quase US$ 200 bilhões em fundos. Petrobras, Itaú Unibanco,
Iochpe-Maxion, Suzano e Marfing fazem parte da carteira de
investimentos no Brasil. Janus Raghoonundon, analista da empresa,
concedeu entrevista para jornal Valor, de 11 de junho. Sobre a
Petrobras, disparou: “realmente acredito que a companhia tem um valor
intrínseco e está barata relativamente a seus ativos. Existe muito
potencial para a Petrobras para um investidor de longo prazo”.
Avançando
sobre as escolhas do país, soltou: “O Brasil tem que decidir se
pretende aceitar grandes quantidades de companhias estrangeiras
controlando ativos-chave de infraestrutura. E, claro, essas companhias
estrangeiras vão ter que ser compensadas pelo risco que vão tomar”.
As
condições complementares e essenciais são destacadas no início da
entrevista. A estabilidade política de um novo governo que – assim
espera ele – encaminhará as reformas é que dará estabilidade. Não querem
ver as reformas rejeitadas. E quais são? Adivinhem? Janus com a
palavra: “Vamos monitorar a aprovação de todas, como a da previdência e
dos benefícios trabalhistas”.
A
impressão é que os brasileiros não dão conta de que o país é uma das
maiores economias do planeta, com uma inigualável base natural, robusta
estrutura produtiva e enorme mercado interno. Pode ser um grande negócio
para o mundo, vendendo os ativos e transferindo a soberania para
empresas estrangeiras. Um projeto mais do que medíocre, mas em
construção.
*Clemente Ganz
Lúcio é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES –
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo
Reindustrialização
NE. Que o Brasil é vendido isso todos sabem. O brasileiro somente não sabe como ele é fatiado todos os dias. A melhor maneira de distribuir renda é através dos salários, horas trabalhadas, lazer. Enfim é um conjunto. As Leis trabalhistas protegem o trabalhador do escravagismo, não do neo escravagismo que é o capitalismo colonial e colonialista que são as empresas imperialistas. Os países podem ter amainado o imperialismo mas as empresas não e querem sempre lucros sobre lucros e lucros assombrosos e escravize e exauri quem quiser. O maior exemplo disso é o recente caso de Minas Gerais, em Mariana, onde a Samarco soterrou um vilarejo e hoje reclama que já gastou R$ 1 bilhão e ainda faltam mais 19 bilhões a serem pagos pelo estrago e querem enrolar e não pagar e se pagar será a longo, longo prazo, daqui um século.
O governo de Dilma-Temer, agora Temer permitiam isso. As reformas trabalhistas, tributárias e todas as reformas, sem plebiscito, sem discussão com a nação, com o povo em geral. São de cima para baixo. Na verdade, o Brasil, a Petrobras e todas as nossas empresas não precisamos desse dinheiro, desses fundos do Janus, antes Rotschild, depois Rochefeller, quem precisa desse celereiro de riquezas, como Ford precisou e fez a Fordelância, falido por ele mesmo, mas diz que foi engenheiro que levou mudas da seringueira para a Malásia. E, tantos outros como o Projeto Jari, que o ouro da Serra Pelada, extraído a base de trabalho, mas muito, trabalho escravo, que filmes, e séries, não contam nem a meia metade da verdade.
Podem vender o Brasil, a Pátria e tudo quanto eles quiserem. Agora quero ver como eles vão entregar. No caixão, só pode ser, porque aqui ainda tem povo, tem sangue e o brasileiro por mais pacífico que ele seja ele pode e vai se rebelar contra essa exploração.
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