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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

VÍCIOS: PREJUÍZO NA VIDA SOCIAL E PROFISSIONAL



Por Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)

Vício, seja ele químico (provocado por droga, álcool, tabaco e até medicamento) ou comportamental (jogo, compras, sexo ou internet), se caracteriza por uma compulsão, ou seja, um ato sem controle por parte da pessoa, muitas vezes percebido como um ato indesejado.

O vício (ou dependência) apresenta três aspectos: o desejo intenso (“fissura” ou “craving”) pelo elemento do vício; a abstinência, com sintomas como ansiedade; agitação; irritabilidade devido à falta do elemento do vício; e tolerância, quando a pessoa precisa de doses cada vez mais altas (ou atos cada vez mais intensos ou frequentes) para obter a mesma sensação de prazer.

A pessoa pode se viciar em algo quando, ao experimentar o elemento (tomar uma droga, jogar), o cérebro ativa um circuito neuronal chamado “sistema de recompensa”. A estimulação repetitiva deste circuito retroalimenta o desejo de estimulá-lo, gerando o vício.

Aspectos psicossociais e culturais podem influenciar o comportamento da pessoa viciada (dependente), perpetuando o círculo vicioso da dependência, seja química ou comportamental.

Os princípios gerais do tratamento de vícios são parecidos. A primeira conduta é obter a “abstinência”, o que não é fácil, pois a síndrome de abstinência gera uma sensação de total desconforto pela falta do elemento. A vontade incontrolável de tê-lo novamente pode fazer com que ele o busque a qualquer custo, se não estiver 100% empenhado no tratamento.

Nos primeiros dias da privação, a pessoa pode se sentir ansiosa, inquieta, insone, depressiva e irritável. Se os sintomas de abstinência (química) forem muito intensos, é possível que o médico indique medicações para aliviar o mal-estar ou até mesmo uma internação em uma clínica especializada (que dará segurança ao dependente e apoio 24 horas por dia). O período mais difícil de abstinência dura cerca de semanas, até que a pessoa esteja “desintoxicada”.

Abordagens psicoterápicas são utilizadas para auxiliar o dependente a lidar com a ausência do elemento do vício. A psicoterapia pode ajudá-lo também a entender a origem do vício, como lidar com os fatores que podem ter gerado este problema e quais alternativas adotar para se livrar do vício. É importante que os familiares se envolvam com o tratamento, que participem das orientações e/ou que façam psicoterapia familiar, que ajudará a própria família a entender melhor o problema e a lidar com o dependente da forma mais acolhedora possível.  

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