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São Paulo, 11 de maio de 2017 – Você se identificou com essa frase? Se a resposta é sim, atenção: você pode estar procrastinando! Essa palavra, difícil de ser pronunciada, vem do latim pro – “à frente” e cras – que quer dizer “para amanhã”. A procrastinação acontece quando adiamos tarefas ou decisões que consideramos difíceis ou desagradáveis, de forma desnecessária ou irracional. Ao deixarmos para depois alguma decisão ou ação, podemos sentir um alívio momentâneo, mas quase sempre acompanhado de culpa e prejuízos posteriores.
Estima-se que 80% dos estudantes procrastinam e, destes, metade tem prejuízos importantes na vida escolar por causa do adiamento das atividades estudantis. A procrastinação afeta cronicamente de 15 a 20% da população adulta e esporadicamente até 90% das pessoas em geral.
O que leva a esse comportamento?
Segundo Fernanda Queiroz, psicóloga e neuropsicóloga,, há várias explicações para a procrastinação. “Em geral, entre os motivos que levam a esse comportamento podemos encontrar o excesso de preocupação com a própria capacidade, desorganização, medo de fracassar, impulsividade, baixo autocontrole, distração, intolerância à frustração, excesso de autocrítica e perfeccionismo. Também encontramos pessoas que tiveram pais rígidos, controladores, com expectativas muito altas em relação aos filhos”, explica Fernanda.
De acordo com a psicóloga, as pesquisas mais recentes mostram claramente que a procrastinação é um problema de regulação das emoções. “Quando enfrentamos emoções negativas, como frustração, ressentimento, monotonia e ansiedade, associados a uma tarefa, a tendência é procrastinar para regular nossas emoções. Porém, quando fazemos isso o efeito é passageiro, ou seja, no dia seguinte não vamos nos sentir melhor, pelo contrário, estaremos mais estressados e ansiosos por não ter feito o que era necessário fazer”, explica.
Ganho em curto prazo, perda em longo Quem tem esse comportamento pode ter a sensação de conforto ou alívio quando evita realizar uma tarefa. Vamos dar um exemplo. Um estudante que adiou estudar para uma prova e deixou para o último dia pode perder momentos com a família ou com os amigos, além de correr o risco de tirar uma nota baixa.
Por isso, segundo Fernanda, a perda sempre será inevitável. “A procrastinação impacta na vida em geral, nos relacionamentos, no desempenho acadêmico e no trabalho. É preciso ter consciência de que o alívio é temporário, pois os prejuízos irão chegar, mais cedo ou mais tarde”, explica.
É possível tratar? A procrastinação tem consequências ruins para a qualidade de vida em geral. Por isso, quem apresenta esse comportamento de forma crônica deve procurar ajuda de um psicólogo. Muitas vezes adiar as coisas de forma assídua pode aumentar o risco de desenvolver o transtorno da ansiedade e depressão. Por outro lado, também encontramos pessoas que apresentam esses transtornos e a procrastinação é uma consequência destes problemas.
“Assim, a avaliação de um psicólogo é fundamental para ajudar a pessoa a enfrentar a procrastinação. Entre as abordagens usadas está a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) baseada no Mindfulness (atenção plena). A TCC ajuda a identificar os pensamentos disfuncionais e crenças a respeito das atividades consideradas aversivas. Já o Mindfulness trabalha a baixa atenção que os procrastinadores apresentam, para melhorar a aceitação de estados e pensamentos desagradáveis com o objetivo de reduzir o estresse, aumentar a persistência nas atividades, além de melhorar a saúde como um todo”, conclui Fernanda.
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