Restrição alimentar pode causar prejuízos nutricionais, sociais e psicológicos
#congressoalergia2017
Entre os tratamentos da alergia alimentar está a suspensão do alimento desencadeador da alergia, porém, é muito importante que isso seja acompanhado por especialistas para que não haja prejuízos nutricionais, principalmente na infância. O ideal é o acompanhamento multidisciplinar, com o pediatra, alergista e nutricionista.
“O olhar nutricional para a alergia alimentar” é um dos temas que será colocado em pauta durante o 44° Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, que será realizado entre os dias 21 e 23 de outubro.
A Dra. Renata Cocco, Coordenadora do Departamento Científico de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), explica que macro e micronutrientes devem ser corretamente supridos, quer na forma de alimentação ou de suplementos exógenos.
“Qualquer restrição alimentar pode causar prejuízos nutricionais, sociais e psicológicos se não for bem conduzida. As restrições devem se ater apenas aos alimentos orientados pelo médico. Não há justificativa em se retirar outros alimentos como forma de prevenção”, alerta a especialista.
Por isso, o primeiro cuidado é conhecer o hábito alimentar do paciente. “Desta forma possibilitamos substituições compatíveis com sua cultura e sua condição financeira. Depois disso, é importante elaborar um plano alimentar que atenda às necessidades nutricionais do paciente, excluindo o (s) alérgeno (s), substituindo-os por outros nutricionalmente adequados e fazendo suplementações, quando necessárias”, conta a Dra. Jackeline Motta Franco, membro do Departamento Científico de Alergia Alimentar da ASBAI.
Nos casos de alergia comprovada, as proteínas do alimento devem ser identificadas em produtos industrializados, receitas desconhecidas, contaminação por utensílios comuns, refeições coletivas (ex: escola), estabelecimentos comerciais e todos os ambientes passíveis de conter alimentos.
A Dra. Renata lembra que alguns produtos de higiene pessoal podem conter proteínas do leite ou de castanhas (amêndoas, por ex.) e o contato destes produtos em pacientes mais sensíveis pode desencadear reações. “Olho nos rótulos! Desde 2015 a rotulagem de produtos industrializados se tornou mais clara, facilitando a investigação dos principais alérgenos”, recorda a médica.
A restrição de macronutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras) pode desencadear ganho pôndero-estatural inadequado, quando há redução da oferta calórica necessária para a idade. Já a exclusão de micronutrientes (cálcio, ferro, zinco, selênio, complexos vitamínicos) pode levar a diferentes consequências no crescimento de cabelos e unhas, pele e acuidade visual, entre tantos outros.
Seguem abaixo algumas substituições seguras que não colocam a saúde em risco:
Ovo: linhaça é um bom substituto para o preparo de bolos e outros preparados.
Trigo: farinha de arroz, fécula de batata.
Leite: a depender do tipo de alergia, os substitutos vão desde fórmulas hidrolisadas (extensamente ou de aminoácidos), fórmulas de soja ou bebidas à base de soja. “Leites vegetais (arroz, quinoa, amêndoas etc.) são opções muito pobres do ponto de vista nutricional e não devem ser utilizadas como substitutos únicos do leite de vaca, especialmente em crianças menores de 4 anos. Leites de outros mamíferos (cabra, búfala, ovelha) não devem ser utilizados por apresentarem grande semelhança com as proteínas do leite de vaca”, alerta Dra. Renata Cocco.
O especialista em alergia é o profissional indicado para fazer o diagnóstico adequado da alergia alimentar e definir qual o alérgeno deverá ser excluídos da dieta do paciente, e o nutricionista é o profissional habilitado para fazer o plano alimentar do paciente, com a exclusão segura do alérgeno e sua devida substituição, além de definir qual nutriente deverá ou não ser suplementado para cada caso, a depender da história clínica, nutricional, hábito e dificuldades alimentares, condições financeiras e psicossociais do paciente.
“Em algumas situações pode haver a necessidade de apoio psicológico ao paciente e sua família, uma vez que restrições alimentares podem gerar conflitos no convívio familiar, social e sofrimento para o paciente. Além disso, a alergia alimentar é uma condição que pode trazer como consequências recusa e seletividade alimentar e, em alguns casos, medo de comer, tornando necessária abordagem multidisciplinar para o adequado manejo nutricional”, explica Dra. Jackeline.
XLIV Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia
Data: De 21 a 24 de outubro
Local: Minas Centro – Belo Horizonte
Horário: Das 8h30 às 18 horas
Informações: www.congressoalergia2017.com. br
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