Especialista do Americas Centro de Oncologia Integrado explica as principais indicações para a realização do procedimento
No último ano, houve um aumento de 40% na realização de transplantes de medula óssea no Rio de Janeiro. A constatação é da Associação Brasileira de Transplantes de Medula Óssea (ABTO). Ricardo Bigni, hematologista clínico do Americas Centro de Oncologia Integrado – instituição que atua há mais de uma década na especialidade e contabiliza mais de 300 transplantes de medula óssea – esclarece os principais aspectos relacionados à indicação e realização do procedimento.
Em primeiro lugar, é importante saber o que é a medula óssea. Segundo o especialista, trata-se de um tecido líquido-gelatinoso, que ocupa o interior de vários ossos do corpo e atua como ‘fábrica do sangue’. “É na medula que os componentes do sangue, como as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas, são produzidos”, informa.
Quando se fala em transplante de medula óssea, geralmente as pessoas o associam a algum tipo de câncer. Mas o que nem todo mundo sabe é que o procedimento também é indicado para o tratamento de outras doenças, como a anemia aplástica severa (aplasia medular) e a anemia falciforme, bem como enfermidades menos comuns, como as síndromes de imunodeficiência congênitas. “O transplante de medula óssea é uma terapia utilizada no tratamento de inúmeras alterações hematológicas, benignas ou não, hereditárias e adquiridas”, ressalta Ricardo.
Para cada tipo de doença com indicação para a realização do procedimento, é recomendada uma forma de transplante, que poderá ser autólogo (no qual as células-tronco vêm do próprio paciente) ou alogênico (que envolve a infusão de células-tronco de um parente ou não). “Nesse último, o doador poderá ser um irmão consanguíneo ou uma pessoa cadastrada no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), devidamente selecionada após testes de compatibilidade”, explica o médico. A indicação mais comum desse tipo de transplante é para o tratamento de leucemias agudas, dos tipos mieloide ou linfoide.
Ricardo Bigni observa que todos os pacientes precisam ser avaliados minuciosamente por um hematologista especializado em transplante, para que este defina se há ou não indicação para o procedimento. “No Brasil, os transplantes autólogos são permitidos até os 70 anos de idade. Já os indivíduos acima dessa faixa etária, em geral, apresentam condições clínicas que restringem a elegibilidade. Todo o processo dependerá do diagnóstico, da situação clínica e da avaliação das condições físicas, pois a presença de outras doenças pode aumentar os riscos de complicações durante e após o procedimento”, informa.
No caso do transplante alogênico, para os pacientes que não possuem doadores compatíveis na família o especialista evidencia a importância de o Brasil contar com o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, o REDOME, que reúne todos os dados dos cadastrados voluntários à doação. “Nosso país já contabiliza mais de 3,5 milhões de possíveis doadores cadastrados e, atualmente, a chance de se identificar um doador compatível é de até 88%. Esse percentual pode ser ainda maior, à medida que mais pessoas se tornem potenciais doadores, por meio de cadastro no REDOME”, finaliza.
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