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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Transtorno Bipolar pode ser tratado antes de sintomas mais graves: suicídio, descrença, raiva excessiva



Dr. Clay Brites - CRM 16787-PR
Pediatra (RQE: 12.173) e neuropediatra (RQE: 35) formado pela Santa Casa de São Paulo, vice-presidente da Abenepi Capítulo Paraná; Pesquisador do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos da Atenção, além de membro do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Dr. Clay Brites, concedeu entrevista ao Jornal de Saúde, que encaminhou algumas perguntas sobre Bipolaridade ou Transtorno Bipolar, sempre ouvimos comentar que artista tal tem e que controlou, como Marih Carey, Roberto Carlos, parece que é outro tipo, o TCO, enfim doenças psicológicas. Nessa entrevista breve procuramos elucidar dúvidas mais frequentes. Leia mais:
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JORNAL DE SAÚDE: Como podemos caracterizar os episódios de euforia e de depressão que aparecem no transtorno bipolar? É possível dizer quanto tempo eles costumam durar?

                   A euforia ou mania é sinônimo de humor elevado, ou seja,  uma condição em que o humor expandido,  excessivamente alargado e explosivo leva não somente a uma situações de extrema hiperatividade mental, de pensamentos, mas que afeta o sono e a cognição.  Geralmente, na fase eufórica, as  atividades passam a ser dirigidas a objetivos (por exemplo, o paciente inicia vários projetos ao mesmo tempo), de atividades prazerosas, da libido, além de inquietação e até mesmo agitação psicomotora. O pensamento torna-se mais rápido, podendo evoluir para a fuga de idéias. O discurso é caracterizado por prolixidade, pressão para falar e tangencialidade. As idéias costumam ser de grandeza, podendo ser delirantes. Geralmente a crítica está prejudicada e os ajuizamentos emitidos se afastam da realidade do paciente.

                   A depressão, por sua vez, é uma condição de humor deprimido, tristeza excessiva sem motivo aparente, onde leva também a efeitos negativos e pouca energia na cognição, com pensamentos pessimistas, desistência de projetos, isolamento social, perda da vontade para tudo  (inclusive com o desejo recorrente de suicídio) e alteração do sono.  A duração  de cada fase é variável de pessoa para pessoa.


JORNAL DE SAUDE: O transtorno pode aparecer na infância? Quais as características?

Muito raramente, mas pode em 0,8 a 1% das crianças.  As características são irritabilidade excessiva, mudança de estado de humor,  atitudes soberbas e de mania de grandeza com outras crianças e adultos,  redução do sono,  hipersexualidade (comportamento sexualizado precoce), oposição e postura desafiadora,  ciúmes excessivo e possessivo com os pais.  Neste processo, desenvolvem problemas de socialização e de rendimento escolar.

JORNAL DE SAUDE: Que tipos de medicamentos são usados no tratamento desse transtorno?

Os  ais indicados são os estabilizadores de humor (lítio,valproato e oxcarbazepina) e os antipsicóticos.

JORNAL DE SAUDE: Quais os fatores que podem atrapalhar o tratamento de pacientes com transtornos emocionais?

O sentimento do paciente de que as medicações não vão funcionar e que podem assim abandoná-las; resistência em tomar medicações por questões culturais; mitos de que determinados xaropes ou misturas são curativas para o transtorno; 

JORNAL DE SAUDE: O histórico da pessoa (como foi o ambiente familiar desde a infância, seus hábitos, seu modo de ver a vida) pode influenciar no desenvolvimento do transtorno? 

Sim, pode.  Ambientes desestabilizadores ou afetivamente carentes podem gerar situações de instabilidade que ocasionam no aparecimento ou recidiva dos sintomas


JORNAL DE SAUDE: Existe alguma mudança fisiológica no paciente com o transtorno?

Sim, existe, mas a nível neurofisiológico e celular.   Pesquisas publicadas em revistas de referência tem mostrado que os pacientes com TB apresentam menos células neuronais proporcionalmente em regiões frontais e orbitais do córtex cerebral e apresentam uma anomalia no controle de entrada e saída de eletrólitos na superfície destas células.  Tais modificações fazem com os sistemas de autorregulação de humor se tornem lábeis e instáveis `a revelia da vontade de quem tem esta condição.  As medicações citadas acima agem “estabilizando” e controlando melhor este fluxo de substancias reduzindo ou evitando as oscilações de humor.
Existem pesquisas, inclusive, mostrando que as repetições dos surtos de irritabilidade podem alterar permanentemente as conexões e expor este paciente a quadros de demência a longo prazo.

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