Desenvolvidos e Em Desenvolvimento: uma classificação ultrapassada para países? | ||
Estudo da Fiocruz publicado pelo periódico PLOS Neglected Tropical Diseases questiona divisão de países entre desenvolvidos e em desenvolvimento | ||
Um estudo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado hoje (12/7) na revista
PLOS Neglected Tropical Diseases - uma das mais respeitadas do mundo na
área de doenças negligenciadas - questiona a divisão de países entre
industrializados, em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Segundo a
pesquisa, o conceito de Países em Desenvolvimento Inovadores (IDCs),
para definir um grupo de nações com programas científicos de impacto,
seria uma alternativa à tradicional segmentação.
A discussão acerca do papel dos IDCs no controle e prevenção de
epidemias foi realizada com base nas redes de colaboração em pesquisa
sobre zika e ebola. O papel central do Brasil, qualificado no estudo
dentro do conceito de IDC, na rede de pesquisa em zika, se refletiu na
liderança de instituições brasileiras nos trabalhos sobre a epidemia e
na capacidade de controle do surto. Em contraste, os países africanos
que não são definidos como IDCs, afetados pela epidemia de ebola,
participaram de maneira menos expressiva na rede de pesquisa sobre a
doença e contaram predominantemente com especialistas externos para
controlar a epidemia.
Proposto pela primeira vez em 2005, o termo IDC desafiou o senso
comum de que os países em desenvolvimento não teriam capacidade de
inovação. Originalmente, o conceito era definido a partir de uma
classificação global dos países com maior número de patentes depositadas
nos Estados Unidos. No novo trabalho, a proposta foi incluir o número
de patentes depositadas internacionalmente. Desta forma, segundo os
resultados da pesquisa, a lista atualizada de IDCs tem como primeiro
lugar a China, ultrapassando EUA, Índia e Japão. O Brasil perde três
posições no ranking e passa a ocupar o 15º lugar.
A pesquisa examina, ainda, a contribuição dos IDCs em temas de
interesse nacional. Para isso, os pesquisadores analisaram publicações
científicas de autores afiliados a IDCs para mostrar que esses países
investem acima da média mundial em pesquisa e desenvolvimento em Doenças
Tropicais Negligenciadas (DTNs). “A capacidade de pesquisa e inovação
que os IDCs já dispõem e suas significativas participações nas redes de
produção de conhecimento poderão contribuir expressivamente para que a
humanidade alcance mais rapidamente os objetivos do desenvolvimento
sustentável”, afirma Carlos Morel um dos pesquisadores da Fiocruz que
participou do estudo.
“Nossa pesquisa mostra claramente um papel proeminente dos IDCs na
inovação em saúde, pesquisa e desenvolvimento em doenças tropicais
negligenciadas (DTNs) e em preparação, prevenção e controle de
epidemias”, ressalta o pesquisador. De acordo com Morel, o conceito de
IDCs, desde a sua criação, tem impacto positivo na análise de inovação
dos países. Além disso, pontua o pesquisador, ao levar em consideração a
resposta das nações às epidemias de zika e ebola, mostra a importância
de haver uma infraestrutura sólida na área de saúde e redes de
colaboração em pesquisa para que haja uma resposta rápida e efetiva nos
casos de crises na área de saúde.
Em uma comparação entre três índices de inovação, os resultados se
mostram diversos. Quando o índice considerado é o Bloomberg - um dos
principais provedores mundiais de informação para o mercado financeiro -
os três primeiros países do ranking são Coreia do Sul, Suécia e
Alemanha. Já o índice global de inovação mostra nas primeiras colocações
Suíça, Suécia e Holanda. De acordo com o índice desenvolvido pelos
pesquisadores do INPI e Fiocruz, China, Japão e Estados Unidos são os
líderes de inovação mundial.
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terça-feira, 24 de julho de 2018
Desenvolvidos e Em Desenvolvimento: uma classificação ultrapassada para países?
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