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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Mitos e verdades sobre alimentação para quem está em tratamento contra o câncer




A nutrição é um assunto importante durante o tratamento contra o câncer. Dependendo do tipo e da localização do tumor, da medicação proposta e das condições clínicas do paciente, aumentam as chances de desnutrição, comprometendo a qualidade de vida devido ao maior risco de infecção. Por outro lado, alguns pacientes ganham peso, o que pode afetar o resultado do tratamento a longo prazo.

Larissa Monteiro, nutricionista da primeira clínica do Brasil que une a oncologia integrativa e a oncologia estética, elenca cinco mitos e verdades sobre alimentação e cuidados para os pacientes que estão em fase de tratamento.

1. É comum pacientes oncológicos desenvolverem desnutrição e uma diminuição do sistema imunológico.
EM TERMOS. A nutrição tem grande importância na recuperação dos pacientes oncológicos e por isso um suporte nutricional adequado faz parte do tratamento integral e deve estar presente em todas as fases da doença. Durante o processo de quimioterapia podem ocorrer alterações que levam à diminuição do sistema imunológico. Há mais riscos de infecções por vírus, bactérias e fungos. Dessa forma, é necessário tomar alguns cuidados com a higiene e manipulação dos alimentos como: lavar as mãos com água e sabão antes e após a preparação dos alimentos e antes de comer; verificar a data de validade dos produtos, a integridade da embalagem; selecionar sempre gêneros frescos e íntegros de boa procedência. Alimentos congelados devem ser descongelados na geladeira ou micro-ondas e não podem ser novamente congelados. Evitar comprar queijos e frios previamente fatiados e cortados - prefira os que vêm lacrados da indústria; evitar carnes e peixes crus ou que não estejam bem cozidos ou bem passados; evitar ovos crus ou preparações que usem ovos crus ou com a gema mole. Lavar cuidadosamente em água corrente frutas, legumes e verduras. O ideal é deixar de molho em solução desinfetante à base de hipoclorito de sódio de acordo com as instruções do fabricante. Escorrer o excesso de água e seque com papel toalha e guarde em recipiente fechado.

2.  Associar a vitamina C à quimioterapia torna o tratamento mais efetivo.
Mito. A vitamina C é um antioxidante que tem várias funções no organismo como síntese de colágeno e neurotransmissores, além de aumentar a absorção de ferro no organismo. Sua biodisponibilidade está relacionada com a absorção intestinal, reabsorção e excreção renal. Os pacientes com câncer podem apresentar uma deficiência de vitamina C por uma baixa ingestão oral, por um aumento do estresse oxidativo e inflamação. A sua deficiência pode causar fadiga, dor, fraqueza, má cicatrização de feridas, entre outros sintomas. Estudos recentes relataram uma melhora de marcadores inflamatórios, melhora nos sintomas (fadiga, dor) e um possível benefício na qualidade de vida quando usado a administração de vitamina C intravenosa ou em combinação com a vitamina C oral em pacientes oncológicos. Entretanto os estudos apresentam cautela no uso da vitamina C (antioxidante). Pode  interferir na quimioterapia (terapia pró-oxidante), além de não relatarem efeito antitumoral. O mais seguro é que o paciente tenha uma ingestão de vitamina C adequada através da alimentação.

3. Associar o uso de suplementação de vitaminas e minerais pode beneficiar os pacientes em diferentes estágios do tratamento.
MITO. De acordo com o WCRF (World Cancer Research Fund International) e estudos recentes, o uso de suplementos de vitaminas e minerais em pacientes com câncer sem deficiência nutricional não é justificável, uma vez que a ingestão desses suplementos pode trazer efeitos indesejáveis em termos de comprometimento e eficácia do tratamento. Devido à inconsistência dos estudos, o melhor a fazer é uma uma nutrição adequada.

4.  A ingestão de alimentos industrializados, embutidos e processados prejudicam as pessoas que já tiveram câncer e hoje estão curadas.
VERDADE. A mudança para um hábito alimentar e estilo de vida saudável deve-se permanecer após o tratamento. Aconselha-se o paciente a manter um alto consumo de frutas, legumes e verduras de forma variada, dar preferência para carboidratos de absorção lenta (grãos integrais, batata doce, mandioca, cará, inhame, arroz integral), grãos e sementes (aveia, chia, semente de girassol), castanhas, gorduras boas (azeite extra virgem, abacate), menor consumo de carne vermelha e maior consumo de carne branca e proteína vegetal (feijão, grãos de bico, ervilha, milho, quinoa). Evitar alimentos processados e industrializados, açúcar, doces, carboidratos refinados (farinha branca), embutidos, refrigerantes, sucos industrializados é recomendado para todos, portanto, bem mais para quem já passou pelo tratamento.  O ideal é descascar mais e desembalar menos.

5. Uma alimentação vegetariana reduz o risco de a doença voltar.
EM TERMOS. Alguns estudos sugerem que dieta vegetariana pode conferir alguma ação protetora para o risco de câncer em geral, embora nem todos os estudos estejam de acordo, uma vez que existem outros fatores de risco para o desenvolvimento do câncer (fumo, álcool, sedentarismo, genética). Os estudos sugerem que ao retirar a carne, retira-se da alimentação nitrito, nitratos, aminas heterocíclicas e gordura saturada que causam inflamação, alteram a microbiota intestinal e diminui o fator de crescimento tumoral (IGF-1). Além disso, o alto consumo de vegetais e frutas prediz um menor risco para certos tipos de câncer. As frutas e os vegetais são ricos em fibras, antioxidantes, fitoquímicos que em conjunto com um estilo de vida saudável conferem uma proteção maior e menor incidência de câncer. Os vegetarianos e veganos sob orientação nutricional adotam um padrão alimentar adequado e um estilo de vida saudável, sendo assim a mudança para este padrão alimentar deve ser acompanhado por nutricionista e médico especialista a fim de evitar qualquer carência nutricional.

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