73% da população não conhece pacientes com câncer de colo do útero, embora a doença mate mais de 5 mil mulheres por ano no país
São Paulo, 07 de junho de 2016 - Uma pesquisa
realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pela Roche, líder
mundial em inovação em saúde, entrevistou 5.508 pessoas, entre homens e
mulheres, de diferentes faixas etárias, níveis de escolaridade, classes
sociais e em todas as regiões do Brasil, com o objetivo de conhecer a
percepção da população sobre o câncer de colo do útero, considerando
seus estágios inicial e avançado.
Realizada no primeiro trimestre de 2016, a pesquisa constatou que 73%
dos brasileiros não conhecem pessoas que tenham ou que já tiveram câncer
de colo do útero. Porém, dados alarmantes do Instituto Nacional do
Câncer (INCA) estimam que mais de 5 mil mulheres morrem por ano em
decorrência da doença¹, o que totaliza uma morte a cada 90 minutos, e
deve ter mais de 16 mil novos casos este ano². Considerado o terceiro
tipo de câncer que mais atinge as mulheres no Brasil, o câncer de colo
do útero é causado pela infecção persistente e não tratada adequadamente
de alguns tipos de vírus, entre eles o HPV, mal que atinge 685,4 mil
pessoas no Brasil³.
Segundo Dra. Angélica Nogueira, médica oncologista e presidente do
Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos - EVA, o conhecimento
insuficiente da doença e das ferramentas para sua prevenção e tratamento
justificam as altas taxas de incidência, morbidade e mortalidade no
país.
Para a especialista, a falta de informação é o principal gargalo para o
controle do câncer de colo de útero. “ O câncer de colo de útero
atinge principalmente mulheres jovens, com poucos anos de estudos
(aproximadamente 10% das pacientes com câncer de colo de útero no Brasil
não foram alfabetizadas) e com limitado poder aquisitivo. Mas muitas
vezes barreiras culturais se somam a falta de informação , como a
vergonha de realizar exame ginecológico ou proibição por parte de
companheiros. Por isto a informação sobre as ferramentas de controle,
como vacina, exame preventivo de papanicolaou e avanços no tratamento
precisam ser globalmente difundidos na população.
No Brasil, 77% das pacientes com câncer de colo do útero são
diagnosticadas com a enfermidade já em fases mais avançadas, quando
começam a surgir os primeiros sintomas, como sangramentos e dores
pélvicas. O ideal é que a doença seja evitada, o que é possível com a
vacina e com o exame de papanicoalaou ou seja detectada em seus estágios
iniciais. A chance de cura ou controle da doença são diretamente
proporcionais a precocidade do diagnóstico. A morbidade relacionada a
doença e ao tratamento também aumenta com o avançar dos estágios.
Diante desse cenário, a Anvisa aprovou recentemente a utilização de um
medicamento biológico já utilizado em outros países, o bevacizumabe,
como a primeira terapia-alvo oferecida para o tratamento do câncer de
colo do útero e o único avanço nos últimos 10 anos para tratar a doença
em seu estágio mais grave. Trata-se do primeiro medicamento biológico
que trouxe o benefício de sobrevida global sem redução da qualidade de
vida das pacientes com esta doença. Até então, o tratamento neste
contexto era quimioterapia isolada. A escolha da terapia ideal para cada
paciente dependerá do estágio da doença e condições clínicas da
paciente, comumente sendo necessárias combinações de cirurgia,
quimioterapia e radioterapia.
“É a primeira vez que uma terapia-alvo específica mostrou benefício em
sobrevida global em câncer de colo de útero, abrindo novas perspectivas
para pacientes, em sua maioria jovens, economicamente ativas e com
possibilidades terapêuticas restritas”, finaliza Dra. Angélica.
CONHEÇA MAIS NUMEROS DA PESQUISA:
• O câncer de colo do útero o terceiro câncer mais lembrado pela população brasileira, principalmente pelas mulheres;
• 58% dos brasileiros não sabem ou não conhecem nenhum tratamento para câncer de colo de útero avançado;
• Entre as mulheres, 51% não citaram colo do útero, ao serem indagadas sobre o tipo de câncer que conhecem;
• dessas, apenas 29% conhecem os sintomas do CCU;
• em relação à saúde das brasileiras, 27% nunca realizaram ou não
costumam realizar o exame Papanicolau, 78% o teste de HPV e colposcopia.
Esse dado é mais evidente entre as mulheres mais jovens, de
escolaridade fundamental e de classe D/E;
• após estímulo com conceito, 33% das mulheres declaram que não
conheciam ou não tinham ouvido falar sobre câncer de colo do útero
avançado;
• há maior fragilidade entre as mulheres que utilizam o serviço público
de saúde, as menos privilegiadas economicamente e menos escolarizadas;
• 81% dos entrevistados acreditam que sem ter plano de saúde é mais demorado o diagnóstico da doença.
• 84% dos brasileiros acreditam que quando o câncer de colo do útero se
espalha por outras partes do corpo, a pessoa tem pouco tempo vida;