Beny Schmidt *
Existem
duas maneiras de se enxergar os recursos financeiros obtidos nas
campanhas de arrecadação para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), com
destaque para a campanha do balde de gelo. A primeira é que em casos
como este a mídia mostra sua potência e poderia, por exemplo, no Brasil,
se preocupar mais com a educação e com iniciativas deste tipo, tendo em
vista a sua força de indução na nossa sociedade.
A
segunda interpretação é de que quase meio bilhão de dólares foi
empregado na identificação do gene NEK1, corresponsável pela ELA
hereditária. Porém não se sabe quanto desse dinheiro foi aplicado nos
tratamentos de todos estes pacientes: fisioterápico motor, fisioterápico
respiratório, fonoaudiólogo e assim por diante.
Qualquer
cientista há de convir que a genética constitui em uma evolução da
razão do pensamento humano na ciência. Mas nós não podemos esquecer que
na medicina, em primeiro lugar, estará sempre a qualidade de vida dos
pacientes. Além disso, esse é o único objetivo da ciência em relação à
saúde: melhorar a nossa vida.
Ressaltamos
que a razão não explica a vida, que a vida é um milagre e sagrada e que
o desejo de vivê-la da melhor maneira tem que estar presente no coração
de todo bom cientista.
* Sobre Beny Schmidt
Ao receber do Conselho Regional de Medicina (CRM) o registro de qualificação de Especialista em Neurologia, em abril de 2016, Beny Schmidt tornou-se o
único latino-americano a acumular os títulos de patologista e
neurologista, um feito inédito na história da medicina brasileira.
É chefe
e fundador do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Escola Paulista
de Medicina e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo
maior acervo de doenças musculares do mundo, com mais de doze mil
biópsias realizadas, e ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a
proteína indispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético -
a distrofina.
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