Dr. Slvio Garbor |
A
obesidade infantil é um importante problema de saúde pública e o
aconselhamento atual é melhorar a qualidade da dieta e aumentar a
atividade física para reduzir o risco de se tornar obeso e ajudar a
reverter o ganho de peso em excesso
Pesquisadores do King's College London não encontraram nenhuma relação significativa entre jantar, após as 20:00 e o excesso de peso em crianças, de acordo com um artigo publicado no British Journal of Nutrition.
Evidências
anteriores sugeriam que o momento da ingestão de alimentos poderia ter
um impacto significativo sobre os ritmos circadianos (isto é, sobre o
relógio interno do corpo) e, por conseguinte, sobre seus processos
metabólicos, o que poderia conduzir a um aumento do risco de excesso de
peso ou de obesidade.
No
entanto, as evidências de estudos em crianças eram limitadas, por isso
os pesquisadores tentavam responder se o horário das refeições, à noite,
das crianças estava associado com a obesidade.
No
novo estudo, os investigadores examinaram os hábitos alimentares de
1.620 crianças - 768 com idades entre 4-10 anos e 852 com idade entre
11-18 anos - usando dados do UK's National Diet and Nutrition Survey Rolling Programme,
coletados entre 2008 e 2012. Esta pesquisa recolheu informações
anualmente a partir de diários alimentares em que as crianças ou os seus
pais registraram seu consumo dietético e horários ao longo de um
período de 4 dias. A pesquisa também coletou medidas de peso e de altura
que foram utilizados para calcular o IMC das crianças.
“A
análise estatística dos dados mostrou que não havia risco maior de
obesidade ou sobrepeso quando as crianças jantavam entre 20:00-22:00
quando comparadas a crianças que comiam entre 14:00-20:00 para uma das
faixas etárias estudadas. Os resultados do estudo são surpreendentes. Os
pesquisadores esperavam encontrar uma associação entre comer mais
tarde e ser mais propensos a ter excesso de peso, mas, na verdade, eles
descobriram que este não era o caso. Isto pode ser devido ao número
limitado de crianças consumindo sua refeição da noite após às 20:00
neste coorte”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
O
estudo também não encontrou diferenças significativas no consumo
energético diário médio para aqueles que comem seu jantar antes das
20:00 em comparação com aqueles que comem mais tarde e só acharam um
pequeno número de variações estatisticamente significativas na ingestão
de nutrientes diários.
“A
proporção diária de proteína consumida foi maior entre os meninos de
4-10 anos de idade que comeram mais tarde. Para as meninas entre 11-18
anos de idade houve uma diferença na ingestão de carboidratos em relação
àquelas que comem mais tarde e consomem menos carboidratos como parte
de sua ingestão diária. No entanto, essas diferenças não permitem
quaisquer conclusões gerais a serem tiradas sobre a qualidade da dieta”,
observa o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria
Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São
Paulo.
As
limitações deste estudo incluem o potencial de subnotificação ou
declarações incorretas sobre a ingestão de alimentos nos diários
coletados como parte da pesquisa nacional. Os autores não examinaram
potenciais fatores de confusão, tais como pular o café da manhã, os
níveis de atividade física ou a duração do sono.
“As
novas descobertas sugerem que há atualmente evidências suficientes para
apoiar a expansão das recomendações dietéticas para incluir conselhos
sobre quando, bem como o que, as crianças devem comer. No entanto, a
obesidade infantil é um importante problema de saúde pública e o
aconselhamento atual é melhorar a qualidade da dieta e aumentar a
atividade física para reduzir o risco de se tornar obeso e ajudar a
reverter o ganho de peso em excesso. Mais pesquisas são necessárias para
investigar a influência do horário da refeição na obesidade infantil”,
defende o pediatra.
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