Pessoas
com problemas de saúde, como doenças infecciosas ativas, são
contraindicadas a fazer esse tipo de cirurgia. Além disso, pessoas com
uma expectativa irreal sobre o procedimento não devem realizar esse tipo
de operação
Popularizada
pelas celebridades, aqui e nos EUA, a bichectomia é uma das cirurgias
plásticas mais populares entre as brasileiras hoje. No entanto, sua
complexidade exige muita perícia do cirurgião.
A
face apresenta uma anatomia complexa. Entre suas múltiplas e delicadas
estruturas, há diversos compartimentos de gordura, que funcionam como
coxins de proteção. Entre estes compartimentos, existe um que se estende
quase que ao longo de toda a superfície lateral do rosto, em plano
profundo, desde a têmpora até próximo à mandíbula, recebendo o nome de
Bola ou Bolsa de Bichat. Na região do “oco” da cavidade oral (região das
bochechas) é onde apresenta maior espessura, podendo, quando em grande
volume, dar aspecto mais arredondado ao rosto, com importante componente
genético. “A bichectomia é o nome dado à retirada cirúrgica de parte
desse compartimento de gordura, visando modificar/ afinar o contorno
facial”, explica o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro
de Medicina Integrada (CRM-SP 62.735).
O
médico alerta que apesar da grande euforia em torno do procedimento, a
indicação ou não depende de avaliação presencial. “A princípio, homens e
mulheres poderiam se beneficiar, estando desaconselhado o procedimento
para pacientes abaixo dos 16-18 anos ou fora do peso ideal”, diz o
médico.
A cirurgia
Quando a bichectomia é feita sem associação a outro procedimento, a cirurgia é intraoral. Como
o compartimento de gordura a ser alcançado encontra-se em plano
profundo (abaixo de estruturas nobres da região facial), o acesso
através de pequena incisão na cavidade oral facilita sua identificação e
manipulação, minimizando riscos.
“Os
riscos são os comuns a qualquer procedimento cirúrgico, além dos
relacionados às peculiaridades locais. A região de acesso na cavidade
oral fica próxima ao óstio do ducto parotídeo (por onde a saliva –
secretada pela glândula parótida – chega à boca) e a ramos bucais do
nervo facial, o que poderia favorecer lesão inadvertida destas
estruturas. Outro ponto importante, em se tratando de cavidade oral, são
os cuidados relativos à proteção da via aérea, vulnerável a líquidos ou
fragmentos que porventura viessem a se deslocar posteriormente na boca,
particularmente em pacientes com nível de consciência rebaixado. Daí a
importância de o procedimento ser realizado por profissionais
capacitados e em ambiente adequado”, afirma Ruben Penteado, que é membro
titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
O
tempo de cirurgia varia conforme a experiência do cirurgião, tipo de
anestesia utilizada, intercorrências. No geral, costuma ser um
procedimento rápido.
Caso
alguma outra cirurgia que envolva uma incisão na pele esteja sendo
feita, como o lifting facial, a bichectomia pode ser feita em
associação. Nesses casos, quando a pele é levantada para que seja
reposicionada, o cirurgião plástico já aproveita e remove as bolas de
Bichat. “Como o lifting facial já é uma cirurgia que separa a pele do
rosto dos músculos, é mais fácil fazer a bichectomia em associação a
ela, no sendo preciso fazer a incisão intraoral”, explica Penteado.
A
região onde estão localizadas as bolas de Bichat está próxima de duas
das ramificações do nervo do trigêmeo, o ramo maxilar e o ramo
mandibular. “Assim como vários outros nervos presentes no rosto, o nervo
do trigêmeo é um nervo sensitivo que controla as sensações que se
espalham pela face, enviando-as como mensagens ao cérebro. Caso o
cirurgião plástico seja inexperiente e danifique esse nervo, pode causar
problemas permanentes”, diz o médico.
Pós-operatório
Após
a cirurgia, a dor não costuma ser importante. Edema e roxos podem durar
de alguns dias a poucas semanas, variando caso a caso.
O retorno às atividades normais, em geral, demora uma semana e a volta
das atividades físicas depende da avaliação e indicação médica.
Observações relevantes
O
resultado esperado após a bichectomia é um afinamento discreto do
rosto. Pessoas com bochechas mais proeminentes podem notar um contraste e
afinamento maior. Além disso, pessoas com o rosto mais cheio devido a
taxas altas de gordura corporal podem não notar tanta diferença.
Segundo
Ruben Penteado, caso o paciente tenha um aumento de peso relevante após
a cirurgia, “poderá haver mudança do contorno facial por acúmulo em
outras regiões suscetíveis a alterações de volume, mas dificilmente por
recidiva da porção retirada da Bola de Bichat”, explica.
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