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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O câncer de mama ainda é mantido no escuro?



 
ilustração
A autoestima da mulher costuma melhorar após a cirurgia de reconstrução. Porém, para um resultado melhor, é preciso se informar sobre os diversos tipos de reconstrução, e os seus resultados


Apesar do aumento dos procedimentos de reconstrução de mama realizados em 2008, quase 70% das mulheres que são elegíveis para o procedimento não são informadas sobre as opções de reconstrução disponíveis para elas, aponta um relatório recentemente publicado pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

O documento mostra que houve mais de 79.000 procedimentos de reconstrução de mama realizados em 2008, um aumento de 39% em relação a 2007. Mas, apesar disso, o relatório sugere que muitas pacientes com câncer de mama estão perdendo a oportunidade de ter uma conversa chave sobre a reconstrução de mama  no momento do diagnóstico.

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgada neste mês  aponta que, em 66,2% dos casos de câncer de mama, é a própria mulher quem detecta os primeiros sinais da doença. O Inca e o Ministério da Saúde lançaram, neste mês, a campanha "Câncer de mama: vamos falar sobre isso?". A ideia é divulgar a informação de que todas as mulheres de 50 a 69 anos façam a mamografia a cada dois anos.

“Mas, mais do que se debruçar sobre o diagnóstico precoce, as mulheres precisam entender todas as suas opções terapêuticas para tomar uma decisão informada sobre o seu tratamento de câncer de mama. Aquelas que são diagnosticadas com a doença devem ser encaminhadas para uma equipe multidisciplinar que possa prestar cuidados apropriados em relação ao câncer de mama. O cirurgião plástico precisa ser incluído como parte da equipe de tratamento", afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada (CRM-SP 62.735).

Toda mulher merece o direito de escolher qual tipo de reconstrução, se houver esta opção, é melhor para ela. A entidade americana está fazendo um esforço contínuo para trazer a público as questões de reconstrução da mama, incluindo a educação sobre o tema, o acesso ao tratamento e a abordagem sobre a  equipe multidisciplinar.

“O envolvimento precoce dos cirurgiões plásticos pode permitir o desenvolvimento de um plano de tratamento ideal para cada paciente individualmente. Nesse sentido, a colaboração entre as especialidades é essencial. Para tanto, os cuidados primários de cirurgia geral, radiologia, patologia, oncologia, ginecologia e cirurgia plástica precisam estar disponíveis a partir do início do tratamento  do câncer de mama para assegurar o melhor resultado possível para a paciente”, diz Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Paciente com câncer precisa de informação

É também importante que as pacientes participem ativamente do tratamento. As pacientes não devem aceitar que a sua reconstrução de mama seja feita por outro profissional que não um cirurgião plástico. “Mesmo que a tecnologia tenha feito muito em termos de diagnóstico e de tratamento do câncer de mama, a reconstrução, mais do que nunca, exige a perícia médica do cirurgião plástico”, diz o médico.

Dentre os fatores que contribuem para a conscientização e a compreensão da paciente, a educação específica sobre as opções para a reconstrução da mama é muitas vezes inexistente. Nos próximos meses, a ASPS vai chegar às mulheres através de uma variedade de materiais, que vão desde cartões de informação e vídeos on-line, por meio de uma campanha publicitária, a publicações nas salas de espera produzidas pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas.

“Sabemos que há muitas questões que envolvem a reconstrução da mama e que abordar todos elas vai levar tempo, mas este é um primeiro passo muito importante. O objetivo é nos certificarmos que as mulheres que não estão fazendo a reconstrução da mama estão fazendo isso por vontade própria e não porque são ignorantes ou desinformadas sobre as suas opções", defende o cirurgião plástico.

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