Em Minas Gerais, Morhan promove ações para conscientizar a população,
prevenir a doença e combater o preconceito
prevenir a doença e combater o preconceito
Hanseniase tem cura e em muitos países está erradicada no Brasil ainda persiste o desmazelo das autoridades públicas Lembrado todos os anos no último domingo de janeiro - em 2017, dia 29 -, o Dia Mundial e Nacional de Combate à Hanseníase reforça o compromisso global em eliminar a doença, promover o diagnóstico e o tratamento, difundir informações e desfazer o preconceito. O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), entidade brasileira sem fins lucrativos que é referência internacional na área, promove ações em todo o país para sensibilizar a população, enfrentar o preconceito e promover o diagnóstico precoce. |
“Apesar de ser 100% curável, com tratamento que interrompe a transmissão em 48 horas disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a hanseníase permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil. O preconceito, alimentado por décadas de desinformação, é o principal obstáculo ao enfrentamento da doença” explica Lucimar Costa, coordenadora nacional do Morhan.
Em Minas Gerais, o Morhan promove ações para o diagnóstico precoce da hanseníase e encaminhamento imediato dos pacientes para tratamento no SUS de 23 a 25 de janeiro, nas cidades de Belo Horizonte, Betim e Contagem. A carreta do Ministério da Saúde, uma unidade móvel adaptada para o exame clínico, circulará pelas ruas das cidades com profissionais de saúde sensibilizados para atender a população. A iniciativa é uma parceira do Morhan com a Novartis e a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).
Em Betim, o Morhan promove o seminário “Hanseníase, Memórias e Reencontros”, de 26 a 28 de janeiro, na Casa de Saúde Santa Isabel, em Betim, região onde até a década de 1980 funcionou o maior hospital colônia para pacientes com hanseníase da América Latina. O evento abordará desde os desafios clínicos e operacionais para promover o diagnóstico precoce da doença até as questões envolvendo a indenização dos filhos que foram separados dos pais durante a vigência do isolamento compulsório das pessoas com hanseníase. Na sexta-feira, dia 27, às 17h, acontece o lançamento do documentário “Santa Isabel, o outro lado da história”, produzido por alunas do curso de Recursos Humanos da Faculdade UNA Betim.
Histórias de vida e superação
No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610, de 1949, recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase em colônias, chamadas à época de leprosários. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês nascidos nestes locais à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta situação perdurou até 1986, quando os antigos hospitais colônia foram transformados em hospitais gerais. “Durante séculos não havia tratamento para hanseníase e a medicina recomendava o afastamento e segregação dos pacientes. A prática do isolamento compulsório, que permaneceu sem ser questionada mesmo após o advento do tratamento via oral, desencadeou o maior caso de alienação parental da história do país, episódio conhecido como ‘o holocausto brasileiro’. Os portões foram abertos em 1986, mas a luta pelo reencontro das famílias e pela reparação de danos continua”, revela Thiago Flores, membro da coordenação nacional do Morhan.
Entre as marcas deixadas pela internação compulsória, também existem grandes exemplos de amor, alegria e superação. Um deles é o casal Zenaide Silva Flores, de 70 anos, líder comunitária na igreja, natural de Juiz de Fora, Zona da Mata Mineira, e Nelson Pereira Flores, 73, militante do Morhan, natural de Águas Vermelhas, Nordeste de Minas. Na década de 1950, ainda criança, ambos foram diagnosticados com a doença e arrancados de suas famílias. Foram então internados compulsoriamente na Colônia Santa Isabel, no município de Betim, a cerca de 40 km da cidade de Belo Horizonte. Inaugurada em 1931, Santa Isabel foi a maior colônia para tratamento e internação compulsória da América Latina.
Zenaide e Nelson se conheceram ainda no Pavilhão de Crianças e, apesar da forte opressão e do pouco contato, a troca de olhares se transformou primeiro em namoro, depois em casamento, em 29 de outubro de 1966, e em Bodas de Ouro em 2016. “A discriminação era tão grande que o padre que fazia o casamento religioso era o mesmo responsável por colher as assinaturas para o casamento civil, já que os pacientes não podiam ir sequer ao cartório da cidade de Betim para oficializar a união com um juiz de paz”, conta Zenaide.
Até a década de 1980, na Colônia Santa Isabel, todos os bebês nascidos eram imediatamente retirados do convívio de seus pais e enviados para orfanatos. A separação obrigatória fez com que muitos casais optassem por não ter filhos. Zenaide e Nelson fizeram essa escolha, até que, em 1º de agosto de 1985, já livres da internação compulsória, adotaram Thiago Pereira da Silva Flores - hoje com 31 anos, advogado e membro da Coordenação Nacional do Morhan. Zenaide e Nelson celebram Bodas de Ouro no sábado, dia 29 de outubro de 2016.
SERVIÇO
23 a 25 de janeiro: Diagnóstico precoce com a Carreta do Ministério da Saúde, que circulará por Belo Horizonte, Betim e Contagem
26 a 28 de janeiro: Seminário Hanseníase, Memórias e Reencontros
27 de janeiro: Lançamento do documentário “Santa Isabel, o outro lado da história”
27 de janeiro: Lançamento do documentário “Santa Isabel, o outro lado da história”
Local: Núcleo de Ensino e Pesquisa da Casa de Saúde Santa Isabel (Betim, MG)
*29 de janeiro: Dia Mundial e Nacional de Combate à Hanseníase
CONTATO
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan)
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan)
Bel Levy - 21 972404488
Mariana Moreno - 21 988837801
ZAPHANSEN: (21) 979 120 108
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