Pacientes
com exotropia intermitente são particularmente mais propensos a
desenvolver doenças psiquiátricas significativas até a terceira década
de vida
As
crianças que têm estrabismo estão em risco significativamente maior de
desenvolver doenças mentais, no início da idade adulta, de acordo com os
resultados de um estudo da Clínica Mayo publicado no Pediatrics, jornal oficial da Academia Americana de Pediatria.
O
estudo retrospectivo examinou os prontuários de 407 pacientes com
estrabismo e os comparou com registros de crianças correspondentes por
idade e sexo, mas com alinhamento normal dos olhos. As crianças com
desvios divergentes (exotropia) apresentavam três vezes mais
probabilidade de desenvolver um distúrbio psiquiátrico do que os
controles ao passo que, aquelas com olhos desviados para dentro
(esotropia), não apresentavam aumento na incidência de doenças mentais.
Brian
Mohney, oftalmopediatra que liderou o estudo, diz que os resultados
podem ajudar a alertar os oftalmologistas para potenciais problemas em
seus pacientes pediátricos. “Pediatras e oftalmopediatras que atendem
crianças com estrabismo devem estar conscientes do aumento do risco de
doença mental. Esses profissionais devem estar atentos aos primeiros
sinais de problemas psiquiátricos em pacientes com exotropia, para que
possam encaminhá-los a um psicólogo ou psiquiatra”,afirma o oftalmologista Virgílio Centurion.
Saiba um pouco mais sobre o estrabismo
Além
de lutar contra o incômodo de uma visão deficiente, os estrábicos –
cerca de 4% da população mundial – ainda precisam superar o preconceito
contra a doença. “O estrabismo é a perda do alinhamento dos olhos,
fazendo com que os olhos sejam desviados para dentro, para fora, para
cima ou para baixo. O desvio pode se apresentar de forma constante ou
intermitente. Em todos os casos são comuns os relatos de pacientes que
sofrem com o “bullying social”, afirma Bruna Ducca, oftalmopediatra do IMO, especializada em estrabismo também.
Existem
muitas condições médicas associadas às causas do estrabismo. Elas podem
ser divididas nas seguintes categorias: influência hereditária,
problemas neurológicos, doenças específicas e causa desconhecida, sendo
esta última a mais comum. “O problema pode se manifestar na infância
podendo ser congênito ou adquirido, ou na vida adulta, geralmente de
forma adquirida”, esclarece a oftalmopediatra.
O
tratamento do estrabismo em crianças requer cuidados especiais. O
principal deles é a ajuda dos pais. As diferentes modalidades de
tratamento dependem de cada caso, dentre elas estão a prescrição de
lentes corretivas, a oclusão (tampão), a injeção de toxina botulínica
nos músculos oculares e a cirurgia de estrabismo. O processo para
alinhar os olhos pode ser demorado e as crianças precisam de apoio nesta
fase. “Para facilitar o processo, os adultos podem, por exemplo, deixar
a criança participar da escolha da armação dos óculos – que deve ser
leve, de tamanho adequado e com lentes resistentes; para a garotada que
necessita de tampão, os pais devem explicar a importância desse
tratamento e insistir na oclusão; nos casos em que se opta pela
cirurgia, o acompanhamento pós-operatório de forma correta é essencial
para garantir um bom resultado, orienta Bruna Ducca.
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