MÃES NÃO SÃO TODAS IGUAIS
A incidência de gravidez após os 40 anos cresceu cerca de 30% nos últimos 17 anos
O desejo da maternidade acompanha muitas mulheres ao longo da vida. Existem mães de todos os estilos e idades. Mas, um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que a gravidez tardia está se tornando uma característica da sociedade contemporânea. O número de mães após os 40 anos cresceu 27% entre os anos 2000 e 2016, conforme dados do levantamento do Sinasc (Sistema de Informações de Nascidos Vivos), que contempla as redes pública e privada.
O estudo mostra que em quase duas décadas o número de mulheres que tiveram filhos depois dos 40 anos saltou de 60.469 para 77.138. Esse novo perfil de maternidade reflete a consolidação do papel da mulher na sociedade e a sua busca pelo empoderamento. “As mulheres têm se posicionado para o que realmente querem e isso reflete no processo de formação das famílias. Elas têm se casado mais tarde, buscam a ascensão profissional, a independência financeira e não hesitam ao processo de divórcio, se essa for a alternativa para encontrar a felicidade”, analisa Marcos Sampaio, especialista em Reprodução Humana, membro da equipe médica da Clínica Origen.
A vida corrida e a realização profissional foram alguns dos fatores que levaram a psicóloga Fabiana Malta a adiar o desejo da gravidez. Aos 40 anos, vivendo um momento tranquilo na vida pessoal e na carreira, ela e o marido decidiram que era a hora de realizar o sonho da maternidade, mas tiveram o diagnóstico de que precisariam de auxílio médico. “Quando iniciamos os exames preparatórios para a gestação descobri que não poderíamos ter filhos pelo método convencional, pois tinha obstruções nas duas trompas”, conta Fabiana.
Com o diagnóstico em mãos, eles encontraram na medicina reprodutiva um caminho possível para a realização do seu projeto. “Optamos pela Fertilização In Vitro e, após algumas tentativas, veio o resultado de gravidez”, afirma. O pequeno Pedro, hoje com 5 anos, chegou para coroar o sonho de seus pais. Mas, não seria o único. “Dois anos após a chegada do Pedro decidimos que tentaríamos mais uma vez. Estava preparada para iniciar o procedimento de implantação dos óvulos que eu havia congelado anos antes. Quando realizei o ultrassom para avaliar a cavidade uterina, descobri que estava grávida de seis semanas”, relembra Fabiana, que recebeu a notícia um dia depois do Dia das Mães e logo estaria com Nina (3 anos) em seus braços.
A formação da família mudou radicalmente a vida de Fabiana. Para poder passar mais tempo com os filhos e cuidar pessoalmente de sua educação, a mãe mudou de carreira, cursou magistério e hoje é professora infantil de uma escola de ensino canadense, a mesma em que as crianças estudam. “O apoio do meu marido foi fundamental. Nós sempre quisemos muito uma família e fomos agraciados com a vinda do Pedro e da Nina. Os sonhos começam no coração e você tem que lutar pelo que deseja, seja um filho, uma carreira ou um projeto pessoal. A alegria de ter eles não têm preço e eu passaria por tudo de novo”, revela emocionada.
Tendência quebra mitos
Durante muito tempo, a gravidez tardia era cercada por preconceitos que amedrontavam as mulheres. O senso comum dizia que a gestação de mulheres mais velhas apresentava riscos para ela e para o bebê, aumentava a incidência de síndromes e mortes durante o parto. Além de dar as gestantes o título pejorativo de “Mãe-vó”.
Segundo o Dr. Marcos Sampaio, especialista em Reprodução Humana, membro da equipe médica, esses mitos precisam ser desconstruídos. “No passado, a expectativa de vida das mulheres era de 55 anos. Hoje, é de 70. Esse patamar mudou com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e a gestação aos 40 se tornou ainda mais segura”, explica o Dr. Sampaio, destacando que os principais fatores de riscos de uma gestação não estão relacionados a idade. “Independentemente da idade, a gravidez precisará de cuidados especiais quando houver histórico de doenças preexistentes ou complicações, como obesidade, hipertensão e diabetes”, afirma.
O médico alerta que a principal diferença entre uma mulher de 20 e 40 na busca pela gestação é a taxa de gravidez. “Ao longo dos anos, a mulher sofre um amadurecimento ovariano. A qualidade dos óvulos diminui com o passar do tempo e impacta diretamente a taxa de gravidez, que dos 20 aos 35 anos gira entorno de 20% ao mês, e após os 40% chega à 4%”, explica.
Apesar de ser uma condição irreversível, a mulher pode buscar medidas para preservar suas chances atuais, caso decida adiar o sonho da maternidade. “A mulher que tem a perspectiva de engravidar após os 35 anos deve buscar orientação especializada sobre os recursos disponíveis para auxiliá-la no futuro, diante de alguma dificuldade. Uma opção é o congelamento de óvulos, uma técnica realizada no Brasil há cerca de 10 anos, e que preserva a qualidade atual dos óvulos para um uso posterior”, conta o Dr. Marcos Sampaio, reiterando que a medicina reprodutiva é uma importante aliada das pacientes na busca por esse objetivo. “Hoje, a medicina reprodutiva oferece várias possibilidades para a realização do sonho da maternidade, levando em consideração o histórico da mulher. O mais importante é buscar orientação especializada caso se perceba a dificuldade de engravidar”, explica.
informações de assessoria de imprensa do dr. Marcos Sampaio e outros.
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