- Doença que provoca fortes dores menstruais está associada a um risco mais elevado de depressão
A
endometriose é uma patologia que se caracteriza pela presença do tecido
endometrial (que reveste o útero por dentro) em outras regiões do
corpo. Uma doença que apesar de ainda pouco conhecida, afeta mais de 6
milhões de brasileiras. Por ser o endométrio um tecido altamente
influenciado pelos ciclos hormonais, as portadoras normalmente sentem
fortes dores relacionadas com o período menstrual. Com o avanço da
endometriose, as dores podem passar a serem constantes e esta dor
física, levar a um quadro de depressão.
Entrevistamos a psicóloga Dra Fabiane Bomfim para explicar como e por que isso acontece.
Por que a endometriose pode levar a um quadro de depressão e ansiedade?
Pelos
principais sintomas clínicos: dismenorreia (cólicas), dor pélvica
crônica, dispareunia (dor durante a relação sexual), disquezia (defecção
dolorosa), disúria (dificuldade de urina) e infertilidade. Dor e infertilidade exercem impacto direto na qualidade da vida conjugal,
social, profissional e capacidade reprodutiva. Somado ao atraso do
diagnóstico e a recorrência da doença, esses fatores contribuem para as
pacientes apresentarem elevados níveis de ansiedade e depressão.
Distorção da dor: Por que às vezes cirurgias que deveriam melhorar o quadro da dor parecem não adiantar?
Alguns
autores apontam a depressão como uma consequência direta da dor, porém
não há consenso nessa questão temporal ao definir qual condição precede a
outra. É possível afirmar, no entanto, que as duas condições coexistem e
que uma agrava a experiência da outra. É possível que a intensidade da
dor esteja relacionada com o grau de depressão e ansiedade.
O que a portadora deve fazer para evitar a intolerância à dor causada pela dor crônica?
Na
presença de depressão, é importante iniciar o tratamento apropriado
precocemente, porque, caso não seja tratada, ela exerce um efeito
negativo na capacidade da paciente de lidar com a dor, na função diária e
principalmente na sua qualidade de vida. A depressão deve ser tratada e não apenas entendida como resultado esperado
do sofrimento decorrente da cronicidade do sintoma doloroso, portanto é
indispensável o suporte psicológico às pacientes com endometriose.
Para
uma portadora de endometriose é essencial que ela tenha apropriação
(conhecimento) da sua patologia e entenda as dificuldades que ela possa
vir a enfrentar. É essencial diagnosticar um possível quadro de
depressão e/ou ansiedade com ajuda de um profissional capacitado para
que os devidos encaminhamentos sejam feitos (psicoterapia e/ou
acompanhamento psiquiátrico).
Segundo
Dra Genevieve Coelho, especialista em reprodução humana, o diagnóstico da endometriose pode levar anos e,
muitas vezes acontece apenas quando a paciente procura um especialista
em reprodução humana para uma avaliação da fertilidade por não estar
conseguindo engravidar naturalmente após um ano de tentativas. “A endometriose não tem cura,
mas o diagnóstico precoce permite adotar um tratamento que pode reduzir
ou até mesmo impedir o avanço da doença, além de ajudar a paciente a
tomar medidas de prevenção da infertilidade, já que esta doença é um
fator de risco para a mesma”, explica a especialista.
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