Segundo
a Organização Mundial de Saúde – OMS, até 2020, a depressão será a
maior causa de afastamento do trabalho, no mundo. No Brasil a situação é
gravíssima e clama por atenção dos envolvidos. De acordo com
informações colhidas junto ao site do Senado Federal, a depressão é hoje
a segunda causa de afastamento do trabalho no território brasileiro, só
perdendo para as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), também
denominados Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
E não é só. Uma
pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com o
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revela que 48,8% dos
trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do trabalho sofrem com
algum transtorno mental, sendo a depressão o principal deles.
Dentro
desse enfoque, a depressão vira uma questão social, deixando de se
encaixar como um problema meramente corporativo, assumindo feições de
verdadeira epidemia.
Para os que não sabem, de acordo com o Art. 20 da Lei Nº 8.213 /91, a
depressão pode ser incluída como doença profissional, desde que
comprovado o nexo com o trabalho. Isto quer dizer que, se restar
demonstrado que foi o ambiente laborativo, com todas as suas
características nocivas, a plataforma disparadora da depressão ou o
agravador da patologia, em determinadas circunstâncias, o patrão pode
ser declarado culpado.
Para
que não paire dúvidas, os prejuízos decorrentes desses afastamentos e
dessas indenizações são incalculáveis, não sem considerar que a
depressão é por sua natureza, uma patologia, que tem nuances próprias,
sendo a reincidência uma de suas marcas.
Além
de representar custos elevadíssimos para o patrão, a depressão do
trabalhador causa problemas de toda ordem dentro de uma instituição,
comprometendo de forma direta o resultado financeiro da empresa. É o
caso dos bancos.
Dentre
os setores que mais produzem trabalhadores deprimidos, podemos destacar
realmente os bancos brasilieros, que são realmente máquinas de
adoecimento, na medida em que levam seus funcionários ao limite
emocional e físico.
No
setor bancário, a reorganização do trabalho, aceleração tecnológica, a
onda de privatizações, fusões e programas de demissão
incentivada, acrescidos pela pressão para o atingimento de metas, as
longas jornadas, e constante medo do corte demissional, bem como
assédio, são as principais causas da depressão. Pode-se dizer, que os
bancos fabricam deprimidos.
Para
os especialistas, que ainda engatinham na solução desse problema, os
programas de qualidade de vida adotados pelas empresas poderiam atenuar
os casos de doença e ajudar no processo, seja na forma de suporte
necessário ao funcionário deprimido seja pela prática de ações gerais de
prevenção à saúde e melhoria do bem-estar.
Segundo
a psiquiatra Silvia Jardim, que estuda o assunto com profundidade e
coordena o Programa de Atenção à Saúde Mental dos Trabalhadores
(PRASMET/IPUB/UFRJ), as depressões irrompem o século XXI como “mal do
século” e o mal-estar no trabalho chega ao suicídio. “São tempos em que
as pessoas se queixam da falta de trabalho, da ameaça de perdê-lo ou das
pressões a que se submetem para preservá-lo”.
Dessa
forma, a depressão clama por atenção, sendo necessário que haja união
de forças e um entorno social entre na agenda de empresários e órgãos de
classe, bem como do próprio INSS. Esse cenário alarmante clama
por políticas claras que possam combater, ou pelo menos atenuar esse
panorama tão triste e tão real.
Maria Inês Vasconcelos - Advogada Trabalhista, especialista em direito do trabalho, professora universitária, escritora
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