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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Fim da segregação de pessoas atingidas pela hanseníase completa 30 anos

Fim da segregação de pessoas atingidas pela hanseníase completa 30 anos

Entre tantas histórias tristes, há finais felizes: casal que cresceu isolado em antigo hospital-colônia celebra Bodas de Ouro neste sábado, em Minas Gerais

Em 2016, completam-se 30 anos da abertura dos portões dos hospitais-colônia, que, por décadas, segregaram e marginalizaram pessoas atingidas pela hanseníase. A lei federal nº 610, de 13 de janeiro de 1949, recomendava o isolamento compulsório dos pacientes nestes locais, chamados à época de leprosários. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês de pais com hanseníase à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta política de Estado ficou conhecida como o “holocausto brasileiro” e levou essas pessoas a continuarem estigmatizadas até os dias de hoje. A história não pode ser esquecida, como destaca o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan).

Pouco a pouco, os hospitais colônia foram sendo transformados em hospitais gerais. O prazo para a abertura de todos os portões foi 31 de dezembro de 1986. “Os muros foram derrubados, os portões abertos, mas a luta pelo reencontro destas famílias ainda continua”, revela o vice-coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio. Aqueles que foram isolados - muitos desde a primeira infância - procuram suas famílias; enquanto filhos separados de suas mães nos primeiros minutos de vida buscam familiares, após anos passados em orfanatos e processos de adoção. Muitos sobreviventes deste período contam suas histórias.

História de superação

Entre as marcas deixadas pela internação compulsória, existem grandes exemplos de amor, alegria e superação. Um desses exemplos é o casal Zenaide Silva Flores, de 70 anos, líder comunitária na igreja, natural de Juiz de Fora, Zona da Mata Mineira, e Nelson Pereira Flores, 73, militante do Morhan, natural de Águas Vermelhas, Nordeste de Minas. Na década de 1950, ainda criança, ambos foram diagnosticados com a doença e arrancados de suas famílias. Foram então internados compulsoriamente na Colônia Santa Isabel, no município de Betim, a cerca de 40 km da cidade de Belo Horizonte. Santa Isabel foi a maior colônia para tratamento e internação compulsória da América Latina e teve sua inauguração no ano 1931.

Eles se conheceram ainda no Pavilhão de Crianças, local destinado para moradia daqueles que, ao chegarem na colônia, ainda não tivessem idade superior a 16 anos. Apesar da forte opressão e poucos contatos, a troca de olhares se transformou em namoro e em casamento, em 29 de outubro de 1966. “A discriminação era tão grande que o padre que fazia o casamento religioso era o mesmo responsável por colher as assinaturas para o casamento civil, já que os pacientes não podiam ir sequer ao cartório da cidade de Betim para oficializar a união com um juiz de paz”, conta Zenaide.

Até a década de 1980, na Colônia Santa Isabel, todos os bebês nascidos eram imediatamente retirados do convívio de seus pais e enviados para orfanatos. A separação obrigatória fez com que muitos casais optassem por não ter filhos. Zenaide e Nelson fizeram essa escolha, até que, em 1º de agosto de 1985, já livres da internação compulsória, adotaram Thiago Pereira da Silva Flores - hoje com 31 anos, advogado e membro da Coordenação Nacional do Morhan. Zenaide e Nelson celebram Bodas de Ouro nesta sábado, dia 29 de outubro. A comemoração religiosa acontece às 20h, no Cine Teatro Glória, palco de importantes acontecimentos de toda a história da Colônia Santa Isabel.

Hanseníase no Brasil

O Brasil é o país que concentra o maior número de novos casos de hanseníase por ano e o único que não está em processo de eliminação da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2014, foram registrados, em todo o país, 31.064 novos casos de hanseníase, o que corresponde a um coeficiente de prevalência de 15,32 novos casos da doença por cada 100 mil habitantes. A OMS recomenda que este índice não ultrapasse o limite de 10 novos casos por cada 100 mil habitantes. Então, apesar de ser 100% curável, com tratamento que interrompe a transmissão em 48 horas disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a hanseníase permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil. O preconceito, alimentado por décadas de desinformação, parece ser o principal obstáculo ao enfrentamento da doença, considerada a mais antiga humanidade.

Há mais de três décadas, o Morhan luta pela garantia dos direitos humanos de pacientes, ex-pacientes e das famílias que foram separadas durante a vigência do isolamento compulsório de pessoas com hanseníase. No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610, de 1949, recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase em colônias,  chamadas à época de leprosários. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês nascidos nestes locais à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta situação perdurou até 1986, quando os antigos hospitais-colônia foram transformados em hospitais gerais.

“Durante séculos não havia tratamento para hanseníase e a medicina recomendava o afastamento e segregação dos pacientes. A prática do isolamento compulsório, que permaneceu sem ser questionada mesmo após o advento do tratamento via oral, desencadeou o maior caso de alienação parental da história do país, episódio conhecido como o “holocausto brasileiro”. Em 1986 os portões foram abertos, mas a luta pelo reencontro das famílias e pela reparação de danos continua”, revela o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio.

Desde 2007, a lei federal 11.520 concede medidas reparatórias às pessoas que foram submetidas ao isolamento compulsório. A indenização corresponde a pensão vitalícia de um salário mínimo e meio, garantia de fornecimento de próteses, realização de intervenções cirúrgicas e assistência à saúde por meio do SUS. Porém, as medidas não se estendem aos filhos dessas pessoas, entregues compulsoriamente à adoção ao nascer.

CONTATO
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan)

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