O câncer de próstata é o mais comum e a segunda maior causa de morte cancerígena nos homens
Problemas
para urinar, sensação de que a bexiga não se esvazia completamente e
sangue na urina são indicadores de um estágio avançado do câncer de
próstata, que é o câncer mais comum e a segunda maior causa de morte por
câncer nos homens. Para impulsionar a conscientização quanto
à prevenção e o diagnóstico precoce, a campanha Novembro Azul é
organizada por diversas entidades que se juntam para apoiar atividades e
manifestações de solidariedade à causa.
De
acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de
1.201.619 novos casos e 335.643 óbitos são previstos no mundo pela
doença, o que corresponde a um aumento em relação ao ano de 2012 de 9,7%
e 9,2%, respectivamente. No Brasil, a OMS estima para 2016, o número de
61.200 novos casos e cerca de 13.772 óbitos.
Segundo
o pesquisador e coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital das
Clínicas da UFMG e diretor da Personal - Oncologia de Precisão e
Personalizada André Márcio Murad, vários estudos sugerem que maus
hábitos alimentares, como uma dieta rica em gordura e proteína de origem
animal, alimentos industrializados, enlatados, adocicados e embutidos,
eleva os índices de substâncias potencialmente cancerígenas no
organismo. “O composto químico nitrosamina e o fator de crescimento
semelhante à insulina (IGF) são as principais substâncias resultantes da
má alimentação e que atuam diretamente na estimulação do crescimento de
células tumorais”, afirma.
De
acordo com o oncologista, a obesidade e o sedentarismo igualmente
elevam os riscos, por isso, uma dieta saudável, rica em verduras,
legumes, frutas, grãos e peixes além da prática regular de atividades
físicas e manutenção do peso ideal seriam as principais medidas
preventivas.
André
Murad explica que não existe consenso entre as organizações de saúde a
respeito do rastreamento do câncer de próstata, como o que utiliza as
dosagens periódicas do Antígeno Prostático Específico (PSA) e a
realização do toque retal. “As organizações contrárias argumentam que
não existem evidências conclusivas de que a detecção precoce tenha
influência na mortalidade específica pelo tumor, além do fato de
pacientes em rastreamento estarem expostos às complicações e aos efeitos
colaterais de um possível tratamento cirúrgico ou radioterápico
desnecessário. As organizações a favor da prática argumentam que existem
evidências de que o rastreamento é responsável pelo declínio da
mortalidade em determinadas áreas. As sociedades de urologia americana,
europeia e brasileira indicam o rastreamento baseadas em estudos
randomizados de grande porte e longo seguimento”, esclarece.
O
oncologista observa que o rastreamento universal de toda população
masculina, sem considerar idade, raça e história familiar, não parece
ser a melhor abordagem, pois, apesar de contribuir para o diagnóstico
precoce e eventualmente a diminuição da mortalidade em subgrupos de
pacientes de alto risco, a prática pode trazer malefícios a muitos
homens. “A identificação de pacientes com alto risco de desenvolverem a
doença de uma forma mais agressiva através de parâmetros clínicos,
genéticos ou laboratoriais pode ajudar a individualizar a indicação e
frequência do rastreamento. Entre diversos fatores, a idade (acima dos
50 anos), a raça (raça negra apresenta maior risco) e a história
familiar apresentam-se como os mais importantes”, comenta. É sabido hoje
que até 57% dos casos de câncer de próstata, especialmente o que incide
em homens com idade abaixo dos 55 anos, são causados por mutações
genéticas herdadas e que hoje podem ser identificadas laboratorialmente,
através de exames específicos. Uma vez estabelecida a doença, seus
portadores passam a ser rastreados sistematicamente, e em idade a partir
dos 40 anos. Suspeita-se de síndromes de predisposição genética para o
câncer de próstata quando existem vários casos na família de câncer que
ocorreram em pessoas com idade abaixo dos 55 anos, e não só de câncer de
próstata, mas também de mama, pâncreas, ovários, intestino, útero e
estômago.
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