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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Noivas se mobilizam em prol da realização de seus casamentos na Igrejinha da Pampulha

Ilustração

Prefeitura estuda junto a arquidiocese a possibilidade de cancelamento de cerimonias no atual Patrimônio Cultural da Humanidade, Padre e funcionários tentam acordo para não acabar com o sonho dos noivos

No inicio de 2016, a Prefeitura de Belo Horizonte havia programado a obra de restauro da Igreja de São Francisco de Assis, ícone modernista do conjunto arquitetônico da Pampulha, para fevereiro. Mas, o início do serviço esbarrou na agenda de celebração de casamentos. A Arquidiocese de Belo Horizonte e a Fundação Municipal de Cultural (FMC) buscam uma solução para não deixar os noivos, que fizeram a reserva, sem o “final feliz” nessa história polêmica.

A primeira noiva a ser comunicada pela reforma foi Gabriela Andrade, ela e seu noivo estavam fechando contrato com um salão de festas, na região da Pampulha, quando receberam uma ligação pedindo que comparecesse a Capela. “Só chorava quando recebi a noticia, vi meu sonho indo por água abaixo. O padre conversou comigo e disse que ia tentar nos ajudar, e sei que está. Conversei com alguns amigos advogados e eles disseram que um ato como esse é ilícito por parte deles. Orientaram-me a entrar com uma ação na justiça por perdas e danos. Mas acho que o prefeito as entidades deveriam se sensibilizar e se colocarem no nosso lugar. É o nosso sonho, a nossa vida, o nosso futuro”, conta.

A arquidiocese que acompanha todo processo informou que inicialmente a reforma havia sido reprogramada para o inicio de 2018, e houve reabertura das agendas. Porém, depois do título, as entidades responsáveis resolveram antecipar para novembro deste ano, o início da restauração da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte, monumento que integra o conjunto moderno reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). De acordo com a Fundação Municipal de Cultura (FMC), o dinheiro está em caixa. “Foi feita a licitação, escolhida a empresa responsável e os recursos de R$ 1,7 milhão, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, estão na conta da PBH”, informou o presidente da FMC, Leônidas Oliveira.

Hoje são mais de 300 celebrações na agenda, de outubro deste ano, até o final de 2017. O casamento é algo que deve ser planejado, e alguns casais esperam muito para tornar este sonho real, são vários contratos assinados. Algumas noivas já entregaram convites para os padrinhos, parentes de outros estados estão com passagem comprada, e em caso de cancelamento ou alteração dos contratos as multas são altíssimas, principalmente em ano de crise. 

“As pessoas estão se afastando cada vez mais das religiões. As tradições hoje em dia são de cerimoniais ao ar livre, mas o meu sonho sempre foi me casar na Igreja, por tudo que o sacramento, e pela minha fé. Sempre achei a Igrejinha uma das mais bonitas da capital, e quando agenda foi aberta no ano passado, fiquei eufórica. Nós estamos investindo na nossa união. Queremos que seja como sempre sonhamos, por isso pedimos que nos ajudem”, relata Maria Raquel Sodré.

No grupo criado por noivas no whatsapp, as noivas inicialmente questionavam sobre um possível boato da reforma. Mas em contato com a FMC foi confirmado, que haverá uma reunião na próxima quarta-feira, 5 de outubro, com todos os órgãos envolvidos para definição das providências a serem tomadas.

Entenda o caso.

O Conjunto Arquitetônico da Pampulha se tornou Patrimônio Mundial da Humanidade, em julho deste ano. A decisão foi tomada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em Istambul, na Turquia. Em Minas Gerais, os centros históricos de Ouro Preto e Diamantina, além do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas, já possuem este título. Agora são 20 os patrimônios mundiais da humanidade  tombados pela Unesco no Brasil.


A PBH informou que tem três anos, a partir de 17 de julho de 2016, para fazer as readequações necessárias. Ainda segundo a prefeitura, outros trabalhos de restauração das formas e curvas criadas por Niemeyer também estão previstos.
O investimento total na recuperação da bacia hidrográfica e na requalificação do Conjunto Arquitetônico da Pampulha será superior a R$ 425 milhões, sendo R$ 158,4 da Prefeitura de Belo Horizonte, com apoio do Governo Federal, e R$ 256 milhões do Governo do Estado.

NE. É muita esperteza de advogados pedirem Perdas e Danos Morais visto que a exigência veio de fora devido ao tombamento não apenas da Capela, mas de todo o acervo arquitetônico. Sobrou até mesmo para o conhecido PIC ou Iate Clube da Pampulha que deverá demolir parte de suas construções para resgatar fielmente a parte histórico de Neymar, Burle Marx e Lúcio Costa.
É preciso de bom senso por parte das noivas. Adia-se os casórios ou case-se, parcialmente, improvisa-se altar em outras partes, utiliza-se o que puder. O prazo não é a Prefeitura e nem a Arquiodiocese quem estipulou e sim uma organização internacional, a Unesco. 

Depois, de qualquer maneira será um casamento histórico, que constará nos anais históricos da igreja, com nomes, datas e tudo mais. A Igreja não parou de casar nem mesmo durante a reforma, mas é preciso bom sendo e arrumar um jeito onde todos saiam satisfeitos.

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