Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo indica que, em meio à crise nas vendas, o comércio
varejista dispensou trabalhadores jovens e apostou na contratação de
funcionários mais maduros. Do total de vagas cortadas no setor, 91,6%
ocorreram entre trabalhadores com até 24 anos de idade, ou seja, 157,6
mil jovens perderam seus empregos. Embora tenha havido redução nas
vendas, foram geradas 27,8 mil vagas no comércio varejista para
trabalhadores com mais de 50 anos.
Segundo Edmour Saiani, especialista em gestão de atendimento e diretor
da consultoria Ponto de Referência, esse quadro reflete uma busca por
profissionais mais experientes, maduros e estáveis. "Os maduros são
potencialmente mais estáveis do que os jovens. São responsáveis e
precisam muito do salário. Nem todos os jovens têm essa mesma
necessidade. O tempo de convívio com os pais se estende, hoje, até quase
30 anos e quem não arca com custos fixos pode troca de emprego com
maior facilidade", analisa Edmour.
Em um momento delicado para a economia, funcionários mais experientes
agregam ao trabalho paciência, experiência em lidar com as situações de
conflito e credibilidade, fatores que são garantia de maior competência e
afinidade com a função e os clientes. Por outro lado, é preciso avaliar
se o funcionário mais maduro tem a energia necessária para a demanda
árdua que o varejo exige. "Ficar em pé oito horas por dia não é para
qualquer um. Em centrais de atendimento as pessoas mais estáveis são
mulheres de meia-idade com filhos e sem marido. Elas precisam muito do
emprego, então se mantêm mais tempo na vaga", indica o especialista.
De acordo com o levantamento, a maioria das demissões atingiu
trabalhadores de baixa escolaridade. Entre as dez profissões com maior
participação na força de trabalho do varejo, a que mais teve vagas
cortadas foi a de auxiliar administrativo, com redução 45,8 mil postos
de trabalho. Já os vendedores, categoria profissional responsável por
33,9% da força de trabalho do varejo, perderam 33,8 mil vagas em 2015.
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